Linha do Metrofor custa mais caro do que ir a Plutão

Essa semana, o mundo assistiu a uma das maiores conquistas da Astronomia Moderna. Pela primeira vez, uma espaçonave conseguiu sobrevoar Plutão. Antigamente considerado como um planeta, Plutão é na realidade um planeta-anão, que faz parte do Cinturão de Kuiper.
A New Horizons é o veículo não-tripulado que está realizando a missão, que tem como objetivo mapear a morfologia, atmosfera e geologia do planeta-anão, bem como de suas luas: Caronte. Nix, Hyndra, Cérbero e Estige. Através desse mapeamento, será possível traçar a história geológica do planeta, caracterizar partículas atmosféricas ou mesmo encontrar satélites naturais ainda não documentados. A nave chegou muito perto (cerca de 12.000 km de distância) do astro e já mostrou resultados incríveis. Os cientistas identificaram a presença de montanhas de gelo.
A distância da Terra para Plutão é de 5.763.920.000 Km. Mesmo navegando a uma velocidade que pode ultrapassar 75.000 km/h, a expedição demorou nove anos e meio e ainda vai demorar outros cinco para ser concluída, a um custo de 700 milhões de dólares (cerca de 2 bilhões de reais).
Diante desses números, o biólogo cearense Heideger Nascimento resolveu fazer uma comparação no mínimo inusitada. Ele relacionou custo e resultado de uma expedição dessa magnitude com o nosso querido Metrofor, projeto metroviário de Fortaleza iniciado no início da década de 90 que prevê a construção de cinco linhas que cortam toda a capital do estado, mas que atualmente conta só com uma totalmente construída, a Linha Sul, que liga a Pacatuba ao Centro. Foi justamente essa linha que serviu de comparação com a New Horizons. Vejamos o infográfico.
Cada quilômetro percorrido da New Horizons custou menos de R$ 0,40. Isso é cerca de três vezes menos que a meia passagem do Metrofor, cuja linha sul foi construída a um custo de R$ 75 milhões de reais por quilômetro. Essa diferença significa que cada quilômetro do metrô fortalezense custou 187.000.000 de vezes mais alto do que o investido para o New Horizons. Vale lembrar que essa mesma obra foi investigada em 2006 pelo Tribunal de Contas da União, que identificou formação de cartel e um superfaturamento de 136%.
Claro que comparar uma nave espacial com um metrô pode não fazer muito sentido. Afinal, uma vez construída a nave, os custos para mandá-la até lá são apenas operacionais, enquanto um metrô necessitaria de trilhos. Mas a comparação é importante para que haja uma percepção sobre o quão longe se pode chegar com tanto dinheiro. Quando vemos uma notícia na ordem de milhões ou bilhões, a maioria das pessoas não consegue de fato processar a real grandeza dessas cifras. Quando há a identificação de um superfaturamento nessa magnitude, isso dói ao bolso do contribuinte muito mais do que diversos escândalos políticos, embora o fato não receba o mesmo peso midiático.
Por isso, caro leitor, toda vez que você quiser andar de metrô em Fortaleza, vista uma roupa espacial. Será a vestimenta mais adequada para utilizar um serviço com um orçamento tão astronômico.


Via Tribuna do Ceará

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