Dilma vê crise piorar; oposição quer nova eleição

No mesmo dia em que Dilma atingiu nível mais alto de rejeição desde 1989, a Câmara aprova em primeiro turno novos gastos, uma CPI é instalada e os deputados limpam pauta para futura análise de contas da presidente

Em um intervalo de apenas 24 horas, a crise política e econômica que o país enfrenta agravou-se ainda mais. A base parlamentar do governo derrete com a fuga de aliados e pesquisa de opinião registra novo recorde de impopularidade da presidente Dilma Rousseff (PT).

Sob comando de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Câmara criou a CPI do BNDES e aprovou, em primeiro turno, o reajuste dos vencimentos de parte do funcionalismo público, com impacto estimado em R$ 2,4 bilhões nas contas do governo. E, antes que o dia terminasse, o programa do PT na televisão foi alvo de “panelaço” e “buzinaço”.

Segundo o Datafolha, Dilma é a presidente com o maior índice de rejeição desde a redemocratização. 

De acordo com números do instituto divulgados ontem, apenas 8% dos entrevistados consideram o seu governo bom ou ótimo. Para 71%, ele é ruim ou péssimo. Para os outros 20%, é regular. 

Também ontem, o presidente da Câmara julgou as contas de ex-presidentes a fim de abrir espaço para que os deputados avaliem as de Dilma.

Para o cientista político Rogério Baptistini, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o cenário é “o pior possível”, com a presidente assistindo a uma rápida corrosão do seu apoio. Conforme o pesquisador, a ausência de lideranças que possam ajudar o país a sair da crise é desalentadora. “O quadro dos próximos dias não é animador”, projeta.

Baptistini acredita que o programa eleitoral do PT piorou o quadro. 

“(O programa) demonstra falta de visão do momento político e sinaliza que se perdeu o rumo”, analisa. Para ele, a peça de propaganda, na qual aparecem Lula e Dilma, além de ironizar os “panelaços”, mira também em figuras da oposição, como os senadores Ronaldo Caiado (DEM) e Aécio Neves (PSDB).

O deputado federal Danilo Forte (PMDB) afirma que a principal causa do agravamento do relacionamento do governo com o Congresso é a “falta de credibilidade” de Dilma. “Governo que não tem credibilidade fica refém”, diz o parlamentar. Para ele, a solução passa por um sinal efetivo da presidente na busca por uma união nacional. “Não há como dar continuidade a esse clima de revanchismo e de Fla-Flu”, defende Forte.

“Insaciáveis”
Para o vice-líder do governo na Câmara, Sílvio Costa (PSC), o que o governo pode fazer já está sendo feito. “Mas a verdade é que alguns partidos são insaciáveis”, critica, sem dizer quais. Costa diz estar tranquilo em relação aos números divulgados pelo Datafolha, afirmando que já viu recuperação de políticos em situações piores. 
Para o deputado, os apelos do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), em favor de um diálogo suprapartidário são normais. “Todo governo quer paz.” O grande empecilho para a pacificação, diz Costa, é a própria Câmara.

Por Renato Sousa
Via O Povo


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