Nos últimos três anos o governo investiu R$ 2,4 bilhões na contratação dos "pipeiros", que percorrem a região em busca de água potável
Via O Povo
Segundo balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), foram investidos entre janeiro e julho deste ano R$ 174,1 milhões na implantação de cisternas –queda de 45% em relação ao ano passado, quando foram aplicados R$ 333,9 milhões no mesmo período. Cada cisterna tem capacidade para 16 mil litros, o suficiente para abastecer por oito meses uma família de cinco pessoas.
Uma das coordenadoras da ASA (Articulação do Semiárido Brasileiro), Valquíria Lima cobra a retomada do ritmo da instalação de cisternas, consideradas essenciais para garantir água para consumo próprio e produção agrícola. “Esse é um tema que não pode sair da pauta do governo e da sociedade, nem ser alvo de cortes com o ajuste fiscal”, afirma.
O Ministério da Integração Nacional diz que “não houve redução nos investimentos do programa Água para Todos” e que os aportes para a implementação das tecnologias de abastecimento foram feitos segundo o fluxo de instalações. Segundo o ministério, a meta inicial de instalação de 750 mil cisternas foi atingida em dezembro de 2014.
Enquanto o governo federal reduz os investimentos em cisternas, os gastos com carros-pipa não param de crescer. Nos últimos três anos, só o governo federal investiu R$ 2,4 bilhões na contratação dos “pipeiros”. Eles chegam a percorrer mais de 100 km em busca de água potável para abastecer áreas rurais.
O investimento é equivalente a quase um terço do orçamento de R$ 8 bilhões da transposição do rio São Francisco, a principal obra de abastecimento hídrico em andamento e que está 76,7% executada. Apenas neste ano foram R$ 453 milhões investidos no abastecimento das famílias com carros-pipa. Ao todo, são 6.705 “pipeiros” contratados em 780 em cidades do Nordeste.
Dependência
“O carro-pipa traz uma dependência para as famílias e cria currais eleitorais. Há políticos que comandam a distribuição da água e depois, nas eleições, vêm cobrar a fatura”, diz José Alves Duarte, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro. Em nota, o Ministério da Integração Nacional diz que o programa de carros-pipa segue critérios técnicos. A pasta afirma, ainda, que contratação, fiscalização e pagamento dos “pipeiros” é feita pelo Exército. (Da Folhapress)Via O Povo