Foi a partir de 2006 que começaram a surgir obras que hoje se encontram à espera da conclusão
Itapipoca Conhecida como a cidade dos três climas, por haver em seu território áreas de sertão, serra e praia, Itapipoca, a cerca de 130 quilômetros de Fortaleza, com pouco mais de 124 mil habitantes, é considerado um dos municípios mais estruturados do Estado, por conta de seu forte apelo comercial, que garante o abastecimento de várias outras cidades e distritos da Zona Norte
Entre as bases da economia, além do comércio, estão o poder de compra dos aposentados, o funcionalismo público, a agricultura familiar, e os empregos gerados por duas fábricas, de calçados e coco. Essa realidade contrasta com a grande quantidade de obras inacabadas.
Foi a partir de 2006, que o município vivenciou um momento ímpar, com
o início de diversas obras de infraestrutura que prometiam, não apenas
transformar Itapipoca num verdadeiro canteiro de obras, mas mudar
para melhor a realidade da população, que teve a construção de um
conjunto habitacional, para 62 famílias de baixa renda, como importante
obra iniciada.
Com valor total de pouco mais de R$ 615 mil (Ministério das Cidades), a obra demorou tanto a ser entregue que, depois de várias paralisações e abandono, estava sendo usada para ponto de agrupamento de desocupados. Para não perder o benefício, famílias invadiram o local, mesmo inacabado, e forçaram o poder público a beneficiá-los com água e energia, e nominaram o lugar de Comunidade Nova Jerusalém. Mas nunca houve uma entrega oficial aos moradores cadastrados.
Em 2012, outra obra passou a fazer parte do ideal de melhoria dos moradores do Bairro das Flores, dessa vez em parceria
com o Ministério da Cultura. A Praça do Esporte e da Cultura, com valor total de R$ 2,2 milhões, e previsão de entrega para
março do ano passado, também está inacabada e completamente abandonada.
A mega construção, com cerca de 700 metros quadrados, já consumiu dos cofres públicos, só entre os anos de 2013 e 2014, R$ 1,1 milhão, segundo informações do Portal da Transparência do Tribunal de Contas dos Municípios, que teriam sido pagos pela atual gestão à construtora licitada para a obra. Planejada para ser entregue à população no fim de 2013, a obra teve o prazo de conclusão prorrogado para março de 2016.
"Desde que prometeram a construção da Praça do Esporte, nós moradores imaginamos como ela serviria para as crianças do bairro. Mas entrou ano e saiu ano, e o prédio nunca foi terminado. Acho um absurdo, um espaço desse tão grande sem nenhum proveito", disse a dona de casa Francilene de Agostinho.
Segundo a garçonete Roberta Leite Ventura, falta explicação, pois os moradores do Bairro das Flores sentem vivenciam o problema e ficam revoltados quando passam pelo local e veem a obra abandonada, se destruindo, sem nenhuma serventia. Estudantes da Rede Pública também aguardam a entrega das obras. Os moradores do Conjunto Cohab, que têm alunos na Escola de Educação Infantil e Fundamental João Araújo Teixeira, ainda aguardam a construção do teto da quadra, iniciado em novembro de 2013, resultado da parceria do Ministério da Educação, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e do Município, orçado em R$ 181.700.
Os valores, parcelados, já teriam sido depositados na conta da empresa responsável pela obra, que teria recebido, ainda, entre 2014 e maio deste ano, R$ 53,8 mil. Fernando Antônio Vidal lembra como tudo começou. "Cavaram buracos, que ficaram cerca de seis meses ali, sem avanço nenhum. Retomaram a obra, meses depois. Ocuparam a quadra com material, que ficou encostado, e de lá para cá nada mais foi feito", disse o morador.
Cobertura
Os pais e alunos da Escola Francisco de Morais Montes, no Bairro Cacimbas, um dos mais populosos de Itapipoca, também aguardam a cobertura da quadra, que teve a obra iniciada em 2013 e nunca avançou. No Portal da Transparência não é especificada a data de término da construção do equipamento, mas o registro de último pagamento, de R$ 53.800, feito em maio deste ano, está lá.
Queria que a Prefeitura olhasse nossa situação com essa quadra descoberta, onde as crianças brincam, há muitos anos, debaixo do sol forte. Eu faço um apelo para que a obra seja entregue, até porque parte dela foi paga, e o que ouvimos falar é que já poderia ter sido feita, com esse dinheiro, pelo menos, mais uma quadra", disse o morador Carlos Henrique Ferreira.
E na lista de obras inacabadas, de responsabilidade da Secretaria de Educação de Itapipoca, figura ainda a Biblioteca Pública Municipal, outro projeto arrojado, orçado em R$ 1,6 milhão, iniciado em abril de 2008 (parceria entre governo do Estado e Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID), com previsão de término em novembro de 2016, mas que se encontra em total abandono. Segundo o levantamento do Portal da Transparência, pouco mais de R$ 1 milhão já foi pago entre 2009 e 2014.
Distritos
Mas não é só quem mora na sede de Itapipoca que vive a realidade das obras inacabadas. Num trecho da CE 169 que dá acesso à Praia da Baleia, a cerca de 55 Km da sede do município, local bastante procurado por visitantes, se encontra, no meio do nada, uma estrutura que também prometia muito ao turismo local quando foi inaugurada há dez anos. O Centro de Promoções Turísticas Ambientais, construído em parceria com o Governo do Estado, distante três quilômetros da praia, é a imagem do mais completo abandono.
Ao chegar ao Distrito de Baleia, outra imagem impressiona. A praça pública que dá nome ao distrito, é outra grande obra de urbanização e pavimentação que teve início em setembro de 2010, mas foi paralisada, deixando os moradores sem o prometido equipamento de lazer, que teve orçamento de R$ 1 milhão.
A praça, localizada no centro do Distrito de Deserto, é outra obra que teve início, mas segue sem finalização. O trabalho começou em 2010, orçado em R$ 319 mil. O Portal da Transparência aponta diversos repasses financeiros, entre eles, um último de junho de 2013, de pouco mais de R$ 118 mil.
A demora na entrega das obras de abastecimento de água para as comunidades do distrito de Calugi, entre elas Macaco, Macaquinho, Cedro e Marinheiros, é outra realidade que também incomoda as cerca de quinhentas famílias, que aguardam pela adutora e rede de distribuição para ligações domésticas nessas áreas de assentamento rural, que teve os trabalhos iniciados em maio do ano passado, com garantia de término para novembro daquele mesmo ano, mas que não aconteceu.
Adutora
Os valores orçados chegam a quase R$ 1,5 milhão. Segundo o presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais da Fazenda Macaco, Agostinho Alves, foram colocados alguns canos e feita a distribuição para algumas casas, mas de lá parca cá, a obra não avançou.
"Aqui em casa, e nas outras famílias, compramos água de carro-pipa. Pagamos R$ 110, por 8 mil litros, que chegam a durar cerca de um mês. Como não temos água nas cisternas, também buscamos água num poço aqui perto, onde damos aos animais e usamos em casa".
"O que queremos, é que essa adutora seja entregue para aliviar a situação. Eu mesmo já entreguei vários ofícios à Secretaria de Infraestrutura de Itapipoca, mas não tive resposta", afirmou o agricultor.
A reportagem buscou até o fechamento desta edição contato com a Prefeitura mas não obteve retorno.
ENQUETE O que você acha destas obras abandonadas?
"Cavaram buracos, que ficaram cerca de seis meses ali, sem avanço. Retomaram a obra meses depois. Ocuparam a quadra com material, que ficou encostado e, de lá para cá, nada mais foi feito"
Antônio Vidal Comerciante
"Isso é um absurdo. O que queremos é alguma explicação sobre essas obras que nunca foram entregues. A gente fica revoltada, quando passa por aqui e vê tudo isso se destruindo sem nenhuma serventia"
Roberta Leite Ventura Garçonete
"Uma vergonha. No Distrito onde moro, em Calugi, a situação é a mesma de abandono. Obras que poderiam servir à comunidade estão se acabando. A nossa adutora nunca chegou a ser instalada" Agostinho Alves Agricultor
Via Diário do Nordeste
Itapipoca Conhecida como a cidade dos três climas, por haver em seu território áreas de sertão, serra e praia, Itapipoca, a cerca de 130 quilômetros de Fortaleza, com pouco mais de 124 mil habitantes, é considerado um dos municípios mais estruturados do Estado, por conta de seu forte apelo comercial, que garante o abastecimento de várias outras cidades e distritos da Zona Norte
Entre as bases da economia, além do comércio, estão o poder de compra dos aposentados, o funcionalismo público, a agricultura familiar, e os empregos gerados por duas fábricas, de calçados e coco. Essa realidade contrasta com a grande quantidade de obras inacabadas.
Com valor total de pouco mais de R$ 615 mil (Ministério das Cidades), a obra demorou tanto a ser entregue que, depois de várias paralisações e abandono, estava sendo usada para ponto de agrupamento de desocupados. Para não perder o benefício, famílias invadiram o local, mesmo inacabado, e forçaram o poder público a beneficiá-los com água e energia, e nominaram o lugar de Comunidade Nova Jerusalém. Mas nunca houve uma entrega oficial aos moradores cadastrados.
A mega construção, com cerca de 700 metros quadrados, já consumiu dos cofres públicos, só entre os anos de 2013 e 2014, R$ 1,1 milhão, segundo informações do Portal da Transparência do Tribunal de Contas dos Municípios, que teriam sido pagos pela atual gestão à construtora licitada para a obra. Planejada para ser entregue à população no fim de 2013, a obra teve o prazo de conclusão prorrogado para março de 2016.
"Desde que prometeram a construção da Praça do Esporte, nós moradores imaginamos como ela serviria para as crianças do bairro. Mas entrou ano e saiu ano, e o prédio nunca foi terminado. Acho um absurdo, um espaço desse tão grande sem nenhum proveito", disse a dona de casa Francilene de Agostinho.
Segundo a garçonete Roberta Leite Ventura, falta explicação, pois os moradores do Bairro das Flores sentem vivenciam o problema e ficam revoltados quando passam pelo local e veem a obra abandonada, se destruindo, sem nenhuma serventia. Estudantes da Rede Pública também aguardam a entrega das obras. Os moradores do Conjunto Cohab, que têm alunos na Escola de Educação Infantil e Fundamental João Araújo Teixeira, ainda aguardam a construção do teto da quadra, iniciado em novembro de 2013, resultado da parceria do Ministério da Educação, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e do Município, orçado em R$ 181.700.
Os valores, parcelados, já teriam sido depositados na conta da empresa responsável pela obra, que teria recebido, ainda, entre 2014 e maio deste ano, R$ 53,8 mil. Fernando Antônio Vidal lembra como tudo começou. "Cavaram buracos, que ficaram cerca de seis meses ali, sem avanço nenhum. Retomaram a obra, meses depois. Ocuparam a quadra com material, que ficou encostado, e de lá para cá nada mais foi feito", disse o morador.
Cobertura
Os pais e alunos da Escola Francisco de Morais Montes, no Bairro Cacimbas, um dos mais populosos de Itapipoca, também aguardam a cobertura da quadra, que teve a obra iniciada em 2013 e nunca avançou. No Portal da Transparência não é especificada a data de término da construção do equipamento, mas o registro de último pagamento, de R$ 53.800, feito em maio deste ano, está lá.
Queria que a Prefeitura olhasse nossa situação com essa quadra descoberta, onde as crianças brincam, há muitos anos, debaixo do sol forte. Eu faço um apelo para que a obra seja entregue, até porque parte dela foi paga, e o que ouvimos falar é que já poderia ter sido feita, com esse dinheiro, pelo menos, mais uma quadra", disse o morador Carlos Henrique Ferreira.
E na lista de obras inacabadas, de responsabilidade da Secretaria de Educação de Itapipoca, figura ainda a Biblioteca Pública Municipal, outro projeto arrojado, orçado em R$ 1,6 milhão, iniciado em abril de 2008 (parceria entre governo do Estado e Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID), com previsão de término em novembro de 2016, mas que se encontra em total abandono. Segundo o levantamento do Portal da Transparência, pouco mais de R$ 1 milhão já foi pago entre 2009 e 2014.
Distritos
Mas não é só quem mora na sede de Itapipoca que vive a realidade das obras inacabadas. Num trecho da CE 169 que dá acesso à Praia da Baleia, a cerca de 55 Km da sede do município, local bastante procurado por visitantes, se encontra, no meio do nada, uma estrutura que também prometia muito ao turismo local quando foi inaugurada há dez anos. O Centro de Promoções Turísticas Ambientais, construído em parceria com o Governo do Estado, distante três quilômetros da praia, é a imagem do mais completo abandono.
Ao chegar ao Distrito de Baleia, outra imagem impressiona. A praça pública que dá nome ao distrito, é outra grande obra de urbanização e pavimentação que teve início em setembro de 2010, mas foi paralisada, deixando os moradores sem o prometido equipamento de lazer, que teve orçamento de R$ 1 milhão.
A praça, localizada no centro do Distrito de Deserto, é outra obra que teve início, mas segue sem finalização. O trabalho começou em 2010, orçado em R$ 319 mil. O Portal da Transparência aponta diversos repasses financeiros, entre eles, um último de junho de 2013, de pouco mais de R$ 118 mil.
A demora na entrega das obras de abastecimento de água para as comunidades do distrito de Calugi, entre elas Macaco, Macaquinho, Cedro e Marinheiros, é outra realidade que também incomoda as cerca de quinhentas famílias, que aguardam pela adutora e rede de distribuição para ligações domésticas nessas áreas de assentamento rural, que teve os trabalhos iniciados em maio do ano passado, com garantia de término para novembro daquele mesmo ano, mas que não aconteceu.
Adutora
Os valores orçados chegam a quase R$ 1,5 milhão. Segundo o presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais da Fazenda Macaco, Agostinho Alves, foram colocados alguns canos e feita a distribuição para algumas casas, mas de lá parca cá, a obra não avançou.
"Aqui em casa, e nas outras famílias, compramos água de carro-pipa. Pagamos R$ 110, por 8 mil litros, que chegam a durar cerca de um mês. Como não temos água nas cisternas, também buscamos água num poço aqui perto, onde damos aos animais e usamos em casa".
"O que queremos, é que essa adutora seja entregue para aliviar a situação. Eu mesmo já entreguei vários ofícios à Secretaria de Infraestrutura de Itapipoca, mas não tive resposta", afirmou o agricultor.
A reportagem buscou até o fechamento desta edição contato com a Prefeitura mas não obteve retorno.
ENQUETE O que você acha destas obras abandonadas?
"Cavaram buracos, que ficaram cerca de seis meses ali, sem avanço. Retomaram a obra meses depois. Ocuparam a quadra com material, que ficou encostado e, de lá para cá, nada mais foi feito"
Antônio Vidal Comerciante
"Isso é um absurdo. O que queremos é alguma explicação sobre essas obras que nunca foram entregues. A gente fica revoltada, quando passa por aqui e vê tudo isso se destruindo sem nenhuma serventia"
Roberta Leite Ventura Garçonete
"Uma vergonha. No Distrito onde moro, em Calugi, a situação é a mesma de abandono. Obras que poderiam servir à comunidade estão se acabando. A nossa adutora nunca chegou a ser instalada" Agostinho Alves Agricultor
Via Diário do Nordeste