Principais reivindicações são pela melhoria e valorização do trabalho do médico-residente e dos preceptores, profissionais que auxiliam o serviço
Médicos-residentes que trabalham no Sistema Único de Saúde (SUS) fizeram ontem uma paralisação em várias cidades do país. Organizada pela Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), a paralisação foi feita em todos os estados, mas pelo menos 30% dos residentes mantêm as atividades para garantir o atendimento nas emergências.
Médicos-residentes que trabalham no Sistema Único de Saúde (SUS) fizeram ontem uma paralisação em várias cidades do país. Organizada pela Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), a paralisação foi feita em todos os estados, mas pelo menos 30% dos residentes mantêm as atividades para garantir o atendimento nas emergências.
No Ceará, os profissionais de mais de 15 hospitais públicos paralisaram as atividades ontem pelo Movimento Nacional de Valorização da Residência Médica. Sem números oficiais e sem contabilizar médicos do Interior, o Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec) acredita que cerca de 400 residentes aderiram ao movimento.
Ao contrário do que previa o Simec e a Associação Médica Cearense (AMC), efeitos da paralisação não foram sentidos em hospitais como o Instituto Doutor José Frota (IJF) e a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), onde médicos paralisaram as atividades. “Mobilização não teve reflexo nos atendimentos realizados pelo hospital”, afirmou, em nota, a assessoria de comunicação do IJF.
De acordo com Mayra Pinheiro, presidente do Simec, procedimentos eletivos foram desmarcados e a orientação de não comprometer os serviços de urgência, emergência e UTI foi cumprida.
Entre as reivindicações, estão pedidos de melhorias e valorização do trabalho dos residentes e dos preceptores, que são médicos que assessoram o serviço prestado pelo médico-residente.
De acordo com Felipe Ramalho, residente em clínica médica no Hospital Waldemar Alcântara, preceptores não têm qualificação adequada, na maioria das vezes. “Os que têm não recebem estímulo”, afirma referindo-se ao salário e à carga horária dos profissionais instrutores.
Sobre a valorização do serviço do residente, Felipe explica que o papel do médico em processo de estágio é de aprendizado. “Em geral, assumimos o papel do plantonista e de ficar responsável por uma enfermaria. Apesar de ser nossa responsabilidade como médicos, não era pra caber somente a nós”, completa Felipe.
Mayra afirma que intenção do movimento não é deflagrar greve. O dia de ontem foi escolhido simbolicamente e os atendimentos e serviços devem ser normalizados hoje. Além da paralisação, profissionais panfletaram na Cidade e em unidades de saúde.
Mais Médicos
Outra reivindicação é quanto à Lei nº 12.871 de 2013, que institui o programa Mais Médicos, do Governo Federal. Segundo Mayra, dentro do programa há alterações que prejudicam a formação médica no País. Uma das determinações é a permanência dos médicos egressos na residência em medicina comunitária por dois anos. “O médico perde a chance de escolher a especialidade”, lamenta Mayra. (com agências)
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Em Brasília, a manifestação ocorreu em frente ao Ministério da Educação (MEC), onde os participantes reivindicaram melhores condições de trabalho e ensino. Para a residente em ginecologia Luciana Viana, do Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB), falta material para melhor aprendizagem.
“Nós buscamos principalmente melhores condições de trabalho e ensino. Faltam materiais básicos e disponibilidade dos preceptores para ensinar aos residentes. Há pessoas para nos auxiliar, mas não há material para a melhor instrução.” Luciana disse ainda que falta fiscalização do MEC nos programas de residência médica.
Na capita fluminense, o ato público foi em frente à sede do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremerj), no bairro de Botafogo. Os manifestantes seguiram em passeata até o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na zona sul da cidade. Segundo o coordenador da Comissão de Médicos Recém-Formados do Cremerj, Gil Simões, as principais reivindicações são mais respeito à classe, a melhoria das condições de atendimento aos pacientes, a defesa do SUS e que a bolsa recebida pelas 60 horas de trabalho seja igual à de programas do governo como o Mais Médicos.
Os médicos-residentes que trabalham em São Paulo também aderiram à paralisação. Os profissionais se reuniram no vão-livre doMasp e saíram em passeata até a sede do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, na região central. De acordo com a ANMR, em todo o Brasil há 30 mil médicos residentes, sendo que no estado de São Paulo são 13 mil e na capital paulista, 5 mil. De acordo com o diretor da ANMR e também da Associação dos Médicos-Residentes do Estado de São Paulo, José Carlos Júnior, entre as reivindicação está o aumento da representação das entidades médicas na composição do CNRM para criar um ambiente democrático
Via O Povo