Comemorado neste mês, Dia do Repórter Fotográfico inspira mostra e reflexões sobre a profissão
Aventurar-se nas ruas em busca de histórias e contá-las em imagens fixas está cada dia mais desafiador, em tempos de instantaneidade e praticidade, quando repórteres fotográficos precisam superar a profusão de imagens geradas no dia a dia e manter a referência nobre dos registros feitos no passado - desde o uso de fotografias nos jornais, por volta dos anos de 1880.
Neste contexto, no qual bons feitos merecem destaque, a 4ª edição da mostra e competição "A lente que fala" acontece até o próximo dia 30, na galeria Benfica
No espaço, estão expostas 22 fotos de 11 repórteres fotográficos quem atuam no Ceará. Os trabalhos representam o cotidiano já publicado em veículos da mídia local - registros das vidas de inúmeros cearenses. As imagens passarão por avaliação do público e de um júri especializado, com premiação em dinheiro para os mais votados.
"Acho tão bonito essa ideia de contar uma história", destaca Eduardo Queiroz, editor da Unidade de Imagem do Diário do Nordeste, apontando esta ação como a primordial função do fotojornalista, assim como o principal desafio, seja em qual época for. Sobre as novas tecnologias, não só ele, como também os repórteres fotográficos Kiko Silva e José Leomar concordam que os equipamentos são apenas mais uma ferramenta para trabalhar o exercício de ver e registrar momentos importantes, jornalísticos.
"Hoje, quase todo mundo diz que é fotojornalista por ter uma câmera e um programa de edição, mas ao ser confrontado com aquilo que tem de ser registrado, ele não consegue", observa Leomar, ao apontar a necessidade de buscar conhecimento e referências para dar ao leitor do jornal um olhar diferenciado sobre a história contada.
"Acredito que o mundo, hoje, vive uma crise de imagem. Todos são bombardeados pro fotos e perdem a noção do que é ou não importante. Daí a importância de estudar e se aperfeiçoar", endossa JL Rosa, da mesma equipe de fotojornalismo.
O aproveitamento do material produzido até nas mais simples pautas também é uma discussão a ser considerada, como ressalta o fotojornalista Jarbas Oliveira. Ele defende, "em tempos de profusão de imagens, com as quais os jornais não podem competir", que o repórter fotográfico seja "aproveitado" em pautas mais profundas e que as imagens formem galerias, "principalmente nos portais, onde se pode dedicar mais espaço para o trabalho".
Sensibilidade
Mas a discussão sobre o exercício de levar um olhar diferente para os leitores, a partir das referências acumuladas ao longo de anos de profissão, não é o bastante. Possuir sensibilidade para saber o momento e o enquadramento exatos também são essenciais aos repórteres fotográficos.
Rememorando o caso recente do garoto sírio Aylan Kurdi - fotografado morto numa praia da Turquia, após o naufrágio do barco que levava ele e a família de refugiados à Europa, na busca por salvar as próprias vidas da violência do país natal -, os fotojornalistas apontam para a sensibilidade, mesmo reconhecendo que "naquele momento, ele (o repórter) não tem competência para julgar, só para captar as imagens" - como indica Eduardo Queiroz.
"No dia que eu parar de me emocionar, embrutecer, não venho mais para a redação. Às vezes, você sai pensando em fazer vários cliques e, depois do segundo, não aguenta, vai parando e cai no choro, de umedecer o mostrador (da câmera)", relata Kiko Silva.
Mais informações
4ª edição da "A lente que fala" Até 30/09, na Galeria BenficArte (Av. Carapinima, 2200, Benfica - Shopping Benfica). Gratuito. Contato: (85) 3243.1000
Via Diário do Nordeste
Aventurar-se nas ruas em busca de histórias e contá-las em imagens fixas está cada dia mais desafiador, em tempos de instantaneidade e praticidade, quando repórteres fotográficos precisam superar a profusão de imagens geradas no dia a dia e manter a referência nobre dos registros feitos no passado - desde o uso de fotografias nos jornais, por volta dos anos de 1880.
Neste contexto, no qual bons feitos merecem destaque, a 4ª edição da mostra e competição "A lente que fala" acontece até o próximo dia 30, na galeria Benfica
No espaço, estão expostas 22 fotos de 11 repórteres fotográficos quem atuam no Ceará. Os trabalhos representam o cotidiano já publicado em veículos da mídia local - registros das vidas de inúmeros cearenses. As imagens passarão por avaliação do público e de um júri especializado, com premiação em dinheiro para os mais votados.
"Acho tão bonito essa ideia de contar uma história", destaca Eduardo Queiroz, editor da Unidade de Imagem do Diário do Nordeste, apontando esta ação como a primordial função do fotojornalista, assim como o principal desafio, seja em qual época for. Sobre as novas tecnologias, não só ele, como também os repórteres fotográficos Kiko Silva e José Leomar concordam que os equipamentos são apenas mais uma ferramenta para trabalhar o exercício de ver e registrar momentos importantes, jornalísticos.
"Hoje, quase todo mundo diz que é fotojornalista por ter uma câmera e um programa de edição, mas ao ser confrontado com aquilo que tem de ser registrado, ele não consegue", observa Leomar, ao apontar a necessidade de buscar conhecimento e referências para dar ao leitor do jornal um olhar diferenciado sobre a história contada.
"Acredito que o mundo, hoje, vive uma crise de imagem. Todos são bombardeados pro fotos e perdem a noção do que é ou não importante. Daí a importância de estudar e se aperfeiçoar", endossa JL Rosa, da mesma equipe de fotojornalismo.
O aproveitamento do material produzido até nas mais simples pautas também é uma discussão a ser considerada, como ressalta o fotojornalista Jarbas Oliveira. Ele defende, "em tempos de profusão de imagens, com as quais os jornais não podem competir", que o repórter fotográfico seja "aproveitado" em pautas mais profundas e que as imagens formem galerias, "principalmente nos portais, onde se pode dedicar mais espaço para o trabalho".
Sensibilidade
Mas a discussão sobre o exercício de levar um olhar diferente para os leitores, a partir das referências acumuladas ao longo de anos de profissão, não é o bastante. Possuir sensibilidade para saber o momento e o enquadramento exatos também são essenciais aos repórteres fotográficos.
Rememorando o caso recente do garoto sírio Aylan Kurdi - fotografado morto numa praia da Turquia, após o naufrágio do barco que levava ele e a família de refugiados à Europa, na busca por salvar as próprias vidas da violência do país natal -, os fotojornalistas apontam para a sensibilidade, mesmo reconhecendo que "naquele momento, ele (o repórter) não tem competência para julgar, só para captar as imagens" - como indica Eduardo Queiroz.
"No dia que eu parar de me emocionar, embrutecer, não venho mais para a redação. Às vezes, você sai pensando em fazer vários cliques e, depois do segundo, não aguenta, vai parando e cai no choro, de umedecer o mostrador (da câmera)", relata Kiko Silva.
Mais informações
4ª edição da "A lente que fala" Até 30/09, na Galeria BenficArte (Av. Carapinima, 2200, Benfica - Shopping Benfica). Gratuito. Contato: (85) 3243.1000
Via Diário do Nordeste
Tags:
Cotidiano