As mudanças nas regras eleitorais vão exigir de candidatos nas eleições municipais deste ano um novo jeito de fazer campanha. O objetivo é coibir irregularidades
Reforma política, crise econômica e escândalos de corrupção conferem às próximas eleições uma cara nova. Na prática, três fatores alteram drasticamente o quadro de disputa pelo poder: menos dinheiro, menos tempo e menos credibilidade dos partidos.
Ainda que tímida, a minirreforma, sancionada pela presidente Dilma Rousseff no fim do ano passado, produz uma eleição diferente, em que candidatos dispõem de tempo escasso para fixar uma imagem e apresentar propostas.
Entre as principais mudanças, está exatamente a redução no tempo de campanha (de 90 para 45 dias), a proibição da doação empresarial às candidaturas e um teto para gastos de cada candidato. Além disso, a doação de pessoa física se limita a 10% da renda relativa ao ano anterior.
O objetivo do novo modelo é, sobretudo, evitar o uso de recursos de origem duvidosa (caixa 2) para o material de campanha.
Pesquisadora da reforma eleitoral na Universidade Federal do Ceará (UFC), a doutoranda Paula Vieira avalia que as mudanças recém-aprovadas representam pouco avanço. Segundo a pesquisadora, pontos como governabilidade, representação e participação permanecem inalterados.
“Continuamos com o presidencialismo de coalização, não foram criados de espaços de debate e, em relação à participação das mulheres, houve uma queda”, critica.
Para a socióloga, no entanto, a proibição de doação de empresas é um ponto positivo da reforma porque, a longo prazo, pode ter o efeito de baratear as campanhas, limitando os gastos de empresas nas eleições.
Criatividade
O publicitário Marcelo Lavor acredita que, com a redução do tempo de campanha, o material eleitoral de cada candidato deverá ser muito mais “criativo” e exigir profissionais “talentosos”.
A criatividade, diz ele, deverá funcionar estrategicamente ao lado de transparência e objetividade, já que haverá limitações financeiras e de tempo. “Profissionais terão que ser muito mais criativos. Entretanto, essa criatividade passa pelo conhecimento dos planos de governo de cada candidato”, pondera.
Ainda segundo o publicitário, o “diferencial” dessa campanha eleitoral será a capacidade política dos candidatos de formatar propostas e estratégias eleitorais adequadas ao quadro modificado de disputa.
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Via O Povo