Ação contra Lula amplia crise política no Congresso

Parlamento se torna, mais uma vez, campo de batalha entre governistas e críticos. Na Câmara, oposição tranca a pauta. No Senado, projeto quer reduzir os poderes do Planalto, enquanto Governo tenta manobrar a crise

O líder do Governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT), afirma que o PT vai intensificar as campanhas do Governo para recuperar a economia. Medidas de ajuste fiscal, por exemplo, serão levadas a Plenário em breve. Ele também alerta que a crise política se intensificou após as investigações contra o ex-presidente Lula.

“A oposição vai continuar gritando, deixa gritar. A novidade é que nosso grito é mais alto. Vamos ser muito dutos na defesa da ordem democrática”, diz. Para ele, as investigações e condução coercitiva de Lula só fortaleceram o partido e a base.

Na tentativa de reaquecer o setor da construção civil, um dos mais afetados por ambas as crises (econômica e política), Guimarães anuncia que o Governo vai lançar o Minha Casa Minha Vida 3, em breve.

Para o deputado, o momento é de apertar os cintos: “Temos que ter serenidade e manter a luta cujo objetivo é recuperar a economia brasileira. Até agosto as coisas devem voltar ao lugar”, avalia. Ele também comenta que as ações contra Lula foram desmedidas: “Foram além do limite democrático e deram um tiro no pé”.

Na oposição, o deputado federal Raimundo Gomes de Matos diz que, após os últimos acontecimentos da Lava Jato, a tendência é que os processos de cassação e impeachment sejam acelerados.

“Eduardo Cunha pode ser o novo Delcídio (do Amaral). Pelo que conheço da figura, se ele cair, não vai se dar por vencido. Vai delatar fatos que conhece e dos quais participou e vai levar outros juntos. Isso fragiliza a democracia”, afirma.

Na avaliação do tucano, Governo e PT continuam a discordar, portanto, não há força suficiente para aprovar as medidas que Guimarães deve propor.

A oposição na Câmara já anunciou que vai trancar a pauta. Um antigo aliado do PT, o PSB saiu de independente para oposição, segundo informou em nota à imprensa.

Dilma e o parlamento
A presidente Dilma Rousseff pediu à sua equipe de governo que abra diálogo com partidos de oposição para alterar trechos da chamada Lei de Responsabilidade das Estatais, que deve ser votada pelo Senado Federal nesta semana.

A petista escalou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Henrique Oliveira, para tentar chegar a um acordo com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da proposta.

A iniciativa que obriga as empresas estatais a seguirem regras de governança e de controle referentes ao risco do negócio causa preocupação no Planalto, que a definiu como uma “tentativa de privatizar as empresas estatais”.

A ofensiva tem como objetivo retirar do texto, por exemplo, a obrigação de que as empresas públicas e de sociedade de economia mista sejam constituídas sob a forma de sociedade anônima e tenham, em um prazo de dois anos, de colocar pelo menos 25% de suas ações em circulação no mercado.

Pela proposta apresentada, os presidentes das estatais terão que ser aprovados pelo Senado Federal e terão de passar por sabatina antes de assumirem os cargos.A equipe econômica do governo federal não vê impedimentos para a medida, mas o núcleo político teme o impacto da mudança em empresas como a Petrobras, fragilizada pela Operação Lava Jato. (com Folhapress)

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