Sem poupar base ou oposição e com efeitos devastadores, delação de Delcídio do Amaral coloca Dilma Rousseff no centro da Lava Jato. Governo tenta agora saídas para o agravamento da crise
A um dia da marca dos dois anos de investigação, a Operação Lava Jato nunca esteve tão perto de chegar à presidente Dilma Rousseff. De efeito devastador em Brasília e sem poupar base ou oposição, delação premiada de Delcídio do Amaral (PT) trouxe ontem a petista e seu braço-direito, Aloizio Mercadante, para o centro do escândalo. Com Dilma acusada de obstruir apurações, Planalto avalia saídas para reduzir danos do “furacão Delcídio”.
A um dia da marca dos dois anos de investigação, a Operação Lava Jato nunca esteve tão perto de chegar à presidente Dilma Rousseff. De efeito devastador em Brasília e sem poupar base ou oposição, delação premiada de Delcídio do Amaral (PT) trouxe ontem a petista e seu braço-direito, Aloizio Mercadante, para o centro do escândalo. Com Dilma acusada de obstruir apurações, Planalto avalia saídas para reduzir danos do “furacão Delcídio”.
A aflição ocorre após publicação da delação de Delcídio, homologada nesta segunda-feira e tornada pública ontem. Fala do senador levou a Procuradoria-Geral da República a avaliar abertura de inquérito contra a presidente. Também foram implicados o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
Esperada já para as próximas horas, nomeação do ex-presidente Lula para um ministério é hoje principal estratégia da gestão. O governo aposta na influência e articulação do petista para conduzir medidas da economia no Congresso. Outra saída seria um “ministério de notáveis”, com nomes como Henrique Meireles para resgatar apoio do mercado.
Para reverter aprofundamento da crise, Dilma depende principalmente da economia, ainda sem sinais de melhora. Com um PMDB e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também enfraquecidos pelas denúncias, o governo precisa ainda resgatar a credibilidade no Congresso. A gestão deverá nesta quarta-feira voltar os olhos para o Supremo Tribunal Federal (STF), que pode definir finalmente o rito do impeachment.
No horizonte, restam ainda atos em defesa do governo, convocados pelo PT para esta sexta-feira. Ocorrendo logo após das maiores manifestações contrárias ao governo, atos pró-Dilma podem ser teste definitivo para a petista com a opinião pública.
Delação de Delcídio
Em seu depoimento à PGR, Delcídio disse ter sido “escalado” por Dilma e Lula para barrar a Lava Jato, e entregou gravações de conversas entre um assessor seu e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, na qual ele tenta evitar a delação de Delcídio. No áudio, o ministro oferece inclusive ajuda financeira e lobby junto ao STF para sua soltura.
“Mercadante disse que a questão financeira e, especificamente, o pagamento de advogados, poderia ser solucionado, provavelmente por meio de empresa ligada ao PT”, disse Delcídio. Pela delação, o senador ainda terá que devolver R$ 1,5 milhão aos cofres públicos.
Em resposta, a presidente Dilma Rousseff afirmou que contato com Delcídio foi iniciativa pessoal de Mercadante, sem qualquer envolvimento seu ou do governo. O ministro reforçou a fala da petista, afirmando ainda que gravação foi “deturpada”.
Foto: Ilustração.
Via O Povo