Quando estudou num colégio com ouvintes, Maíra Augusto sofreu para acompanhar o ritmo das aulas. Em 2015, ela concluiu curso superior
Quem observa a cearense Maíra Augusto em seu dia a dia não consegue perceber, mas ela tem algo pouco comum entre seus colegas de trabalho. Com deficiência auditiva, devido a uma doença adquirida pela mãe ainda no período de gestação, a jovem de 27 anos passou por cima dos preconceitos e das dificuldades de comunicação para se tornar a primeira deficiente auditiva a se graduar como terapeuta ocupacional em uma universidade do Ceará.
Quem observa a cearense Maíra Augusto em seu dia a dia não consegue perceber, mas ela tem algo pouco comum entre seus colegas de trabalho. Com deficiência auditiva, devido a uma doença adquirida pela mãe ainda no período de gestação, a jovem de 27 anos passou por cima dos preconceitos e das dificuldades de comunicação para se tornar a primeira deficiente auditiva a se graduar como terapeuta ocupacional em uma universidade do Ceará.
Diagnosticada com a deficiência logo no primeiro ano de vida, Maíra teve que conviver com as dificuldades para realizar as rotinas diárias. Embora tenha nascido com problemas auditivos, a terapeuta nunca usou a deficiência como barreira para não ingressar numa universidade. Para ela, o apoio familiar tem sido fundamental. “Minha mãe se esforçou muito para que eu fosse oralizada e usasse a prótese auditiva. Eu agradeço demais à minha família por tudo que eu consegui hoje. O apoio deles foi fundamental”, comenta.
Alfabetizada e oralizada em um colégio da capital, ainda sem conhecer Libras, a jovem sofreu bastante durante a adolescência. Com dificuldades de comunicação, Maíra foi estudar em uma escola de ouvintes, mas a dificuldade em acompanhar a turma foi o seu grande desafio. “Eu não conseguia acompanhar a turma no colégio. Isso foi uma dificuldade enorme e eu sofri bastante durante o período que eu passei lá”, contou.
Aos 15 anos, a terapeuta ocupacional e sua mãe começaram a observar os surdos e a forma como eles se comunicavam, ou seja, por meio da língua de sinais. Foi com esse incentivo que, ainda na adolescência, Maíra foi estudar na escola Instituto Cearense dos Surdos (Ices) para aprender Libras. Nessa instituição, Maíra terminou o segundo grau.
Após quatro anos de dedicação e estudos na Universidade de Fortaleza, Maíra usou o problema de infância como tema de conclusão de curso. Devido a qualidade do projeto, ela foi convidada para apresentar seu Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) em um congresso no Rio de Janeiro ainda este ano.
Depois de tantas barreiras quebradas, a sua intenção não podia ser outra. Sem abrir mão do seu histórico, a terapeuta pretende desenvolver suas funções para auxiliar familiares, ouvintes e crianças que tiverem as suas mesmas dificuldades.
Pouca oferta
De acordo com as últimas pesquisas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, pelo menos 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. Entre esses números estão os deficientes
auditivos. Mas, apesar dos avanços sociais, as dificuldades de comunicação, juntamente com o preconceito e a desinformação, afastam o deficiente do mercado de trabalho.
auditivos. Mas, apesar dos avanços sociais, as dificuldades de comunicação, juntamente com o preconceito e a desinformação, afastam o deficiente do mercado de trabalho.
A baixa quantidade de instituições de ensino superior que disponibilizam cursos a deficientes auditivos não condiz com a atual realidade brasileira. Conforme os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apenas sete das 59 universidades federais do Brasil oferecem cursos de graduação em libras. Somente no Brasil, o IBGE classifica que pelo menos 9,7 milhões de pessoas possuem esse tipo de deficiência, o que representa 5,1% da população total.
Via Tribuna do Ceará