Em um de seus momentos de maior fragilidade política, o ex-presidente Lula, alvo de nova fase da Operação Lava Jato, promete voltar a percorrer o País para se defender
Quase dois anos e 24 etapas depois, a Operação Lava Jato chegou à porta de Luiz Inácio Lula da Silva. Na manhã de ontem, o ex-presidente foi o principal alvo da investigação. É, de longe, o golpe mais duro na carreira política do líder petista, que foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal sob acusação de favorecimento no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
Quase dois anos e 24 etapas depois, a Operação Lava Jato chegou à porta de Luiz Inácio Lula da Silva. Na manhã de ontem, o ex-presidente foi o principal alvo da investigação. É, de longe, o golpe mais duro na carreira política do líder petista, que foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal sob acusação de favorecimento no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
Às 6 horas da manhã, viaturas da PF estacionavam em frente ao prédio onde mora o ex-presidente, em São Bernardo, na Grande São Paulo.
Do Planalto às ruas, a ação sacudiu o Brasil e lançou uma interrogação: qual o futuro de Lula?
Do Planalto às ruas, a ação sacudiu o Brasil e lançou uma interrogação: qual o futuro de Lula?
Documentos, objetos, cartas - tudo foi vasculhado nos escritórios, residências dos filhos e de pessoas próximas a Lula. Autorizada pelo juiz Sérgio Moro, a força-tarefa reuniu 200 agentes federais no cumprimento de 44 mandados - 11 de condução coercitiva e 33 de busca e apreensão - no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia. Houve confronto nas ruas, de bate-boca a pancadaria.
O objetivo era apurar suposto benefício do petista em contratos da Petrobras. De acordo com o Ministério Público Federal, há indícios de que ele teria recebido R$ 30 milhões ilegalmente, por meio de doações ao Instituto Lula, também foi alvo da ação. Empresas entraram na mira da etapa batizada de Aletheia. Entre elas, as empreiteiras OAS e Odebrecht e a Gamecorp, do filho Fábio Luís (Lulinha). As revistas prosseguiram no tríplex do Guarujá e no sítio de Atibaia, que teve reforma paga por empresas implicadas na Lava Jato.
Por haver mandado de condução coercitiva, Lula teve de ser escoltado até o posto da PF no aeroporto de Congonhas, aonde chegou em viatura da polícia para prestar depoimento, que durou cerca de três horas e meia.
A condução da operação dividiu a opinião de especialistas, políticos e manifestantes. Para uma parte, houve excesso do MPF e de Sérgio Moro. Segundo eles, bastava um convite para que Lula fosse depor. Para outros, entretanto, o cumprimento do mandado contra o ex-presidente foi correto.
A condução da operação dividiu a opinião de especialistas, políticos e manifestantes. Para uma parte, houve excesso do MPF e de Sérgio Moro. Segundo eles, bastava um convite para que Lula fosse depor. Para outros, entretanto, o cumprimento do mandado contra o ex-presidente foi correto.
Ao deixar a sala de depoimento em Congonhas, onde precisou responder a perguntas sobre o triplex e os pedalinhos em Atibaia, o petista foi aplaudido por militantes e confrontado por críticos, que ocuparam vãos do aeroporto. Horas mais tarde, já na sede do PT de São Paulo, Lula disse que, se a intenção da operação havia sido matar a jararaca, eles tinham acertado o rabo e não a cabeça. A jararaca estava viva, assegurou.
Às vésperas de novas manifestações contra o governo de Dilma Rousseff (PT), marcadas para o dia 13, Lula exortou o partido a levantar a cabeça e voltar às ruas. Antes, disse que viajaria novamente pelo País. Num momento de fragilidade política e econômica, partido e governo prometem ir ao ataque. Novas delações, todavia, podem causar reviravoltas num quadro já tumultuado.
O Povo