Ceará vive 1º surto da “Virose da mosca” e atinge 11 notificações da doença

Virose da mosca: O número de casos mais que dobra no estado, Fortaleza saltou de zero para 504 casos, e Sobral lidera na região norte com 302 notificações de acordo com a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa)


O Ceará registra neste ano mais de 11 mil casos da Doença Diarreica Aguda (DDA) — conhecida vulgarmente como “virose da mosca”. Os dados representam mais que o dobro registrados anteriormente de 4.971 para 11.106 (crescimento de 123%) casos, segundo publicação do G1/CE. O documento com dados referentes de 6 a 12 de janeiro deste ano foram divulgados na planilha de doenças de notificação compulsória da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa). Segundo a Secretaria Estadual da Saúde informou que, de janeiro até junho de 2018, foram registrados 194.094 casos da doença diarreica aguda em todo o estado.

Surto em Maranguape - Segundo as informações oficiais, o Ceará registrou um surto de DDA, no município de Maranguape em 2019. Apesar do fato, a coordenadora da Vigilância em Saúde do Ceará, Daniele Queiroz, explica que "esse surto não vai conseguir dimensionar a importância epidemiológica que estamos vivendo com essa doença". Porém, náuseas, vômito, febre e dor de cabeça também podem ser sintomas da "virose".

Surto em Sobral - Dos mais de 6 mil casos, 302 foram registrados na cidade de Sobral, no Norte do Ceará, que lidera o ranking na região. A gerente da unidade de vigilância de Zoonoses da Prefeitura de Sobral, Amanda Rocha, explica que o lixo é um dos principais multiplicadores de moscas. Além das ações do poder público, conscientização é a saída para afastar a doença.



Proliferação - “A proliferação das moscas aconteceu durante o ano inteiro, mas no período de chuvas ela acontece com uma maior intensidade. É muito importante que a população tenha consciência do que deve ser feito para evitar o acúmulo dessa matéria orgânica em casa, tomando medidas como acondicionar o lixo doméstico em sacos sempre fechados”. Ressalta a especialista.

Outras doenças - A unidade de vigilância de zoonoses da Prefeitura de Sobral lembra ainda que, além da mosca, o período invernoso também contribui para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, vetor da dengue, Zika Vírus e Febre Chikungunya. Portanto, todo cuidado é pouco com a limpeza dos ambientes domésticos e a água acumulada em recipientes.


Potencial de contaminação - Na capital, além do início do pré-período invernoso, o lixo é outro agravante para ao aumento de proliferação da doença. O acúmulo de lixo nas ruas da cidade, a presença das moscas é mais intensa. Em decorrência disso, a população tem relacionado a grande quantidade de lixo jogada nas vias públicas com as centenas de casos já registrados da ‘virose da mosca’.

Segundo o coordenador da Atenção Primária à Saúde de Fortaleza, Rui de Gouveia, não há um “nexo causal” entre o lixo acumulado e o aumento dos casos da virose — mas ele explica que há uma correlação. “A grande maioria das DDAs é causada por vírus. No lixo, não tem nenhum vírus vivo porque as condições do lixo não permitem. Entretanto, naquele material, você encontra uma grande proliferação de bactérias”, ressalta o especialista.

Proliferação - O médico revela ainda, que as bactérias conseguem se proliferar no lixo, como por exemplo, nos restos de comida e fezes de animais presentes. “Quando a mosca pousa naquelas fezes, a bactéria vai aderir as patas da mosca. E se aquela mosca voar e pousar em alguma comida, a bactéria vai para o alimento, que fica contaminado. A bactéria vai se multiplicar, vai produzir toxinas, e as toxinas vão causar doença diarreica aguda”, complementa Rui sobre a correlação.

“O rotavírus causa a DDA, e nós temos uma vacina (contra essa variação de vírus) que existe no calendário vacinal normal do Ministério da Saúde, e que ajuda a prevenir, a doença diarreica aguda, que inclusive é uma das mais graves”, completa Rui.
Contudo, ele explica que existem outras mutações virais que também causam a DDA. “Echovirus, coxsackievirus, adenovirus. Todos podem causar DDA, entretanto, o que causa a mais grave é o rotavírus”, complementa o especialista.

Prevenção - Em relação aos modos de evitar a DDA, higiene é a principal alternativa, porém, uma vacina auxilia os hábitos higiênicos na missão de proteger a população contra a “virose da mosca”. No entanto, a DDA é causada por mais de um tipo de vírus — além das bactérias.

Apesar da denominação popular, a doença não é transmitida pela mosca. O contágio da virose é através do contato interpessoal, seja ele direto ou indireto. Por isso, a principal forma de evitar a doença é com atenção aos hábitos saudáveis de higiene (lavar as mãos, os alimentos, utilizar álcool em gel etc.).

Tratamento - A estudante Flora Maria já sofreu com a DDA por mais de uma vez. Com o surto de 2019, ela revela a preocupação em ser infectada novamente. “Eu tive duas vezes em um intervalo de um mês, no mesmo ano. Estou me cuidando para não pegar de novo”, completa.

“As duas vezes começaram com uma tontura muito grande, muito vômito, muita dor de cabeça, durante uns cinco dias, cada uma das vezes. A dor de cabeça era muito forte no começo, e meu corpo ficou muito fraco”, complementa a estudante.

Em relação ao tratamento, Flora contou que não se alimentava normalmente, mas tomava bastante líquido para se recuperar. “Muito soro, muita água de coco para ver se eu melhorava”, explica Flora sobre o processo de recuperação, onde ela também tomou soro com sais de reidratação.


com informações Tribuna dos Vales

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