Artigo – “Bolsomínions X Esquerdopatas”

Com o título “Bolsominions” x “Esquerdopatas”, eis artigo deAlexandre Pereira, empresário e presidente do Cidadania do Ceará. Ele comenta os extremos da política brasileira e suas semelhanças. Confira:

Sou de uma geração que formou sua consciência entre o final do século XX e início do novo milênio. Somos testemunhas do mal que têm feito ao mundo as paixões políticas exacerbadas. Sim, a política, como espaço de definição do destino coletivo, é apaixonante, mas árdua porque em sua arena se batem muitos conflitos de interesses. Sem uma boa dose de paixão não é fácil fazer dela uma tarefa.
Com base na experiência, observo que há um limite a partir do qual a paixão deixa de ser um fator de motivação e passa a ser um entrave na busca de soluções para os dilemas da sociedade. Quando uma pessoa adota postura política radical, se vê tentada a subjugar a realidade às suas crenças quando, ao contrário, deveria submeter suas crenças ao crivo da realidade.
Daí à intolerância no trato com as diferenças e o desejo de silenciar o outro é um passo. É o que se vê hoje no Brasil, não só nas ruas, mas até no convívio familiar: o país tocado pela mão sombria do ódio. Os polos mais extremos denominam um ao outro pejorativamente (“coxinhas” e “mortadelas”, “bolsominions” e “esquerdopatas”) em um arrivismo estéril.
Ambos se julgam diferentes e não percebem o quanto são, em muitos aspectos, semelhantes: chamam, pejorativamente, a quem ainda acredita no debate paciente como caminho mais seguro para as soluções que a nação reclama, de “isentões”, como se o esforço de buscar no equilíbrio as melhores respostas fosse um vício hipócrita, e não um virtude.
Quando partimos da premissa de que o outro está errado, tomamos um posição. Mas quando a premissa é a de que o outro está errado por força de uma deformação moral, trava-se então um diálogo sectário e sem resultado. A cizânia dificulta a formação de convergências, tão necessárias à estabilidade das instituições.
Muito me identifico com o partido em que atuo e do qual sou presidente no Ceará, o Cidadania 23, entre outros motivos, por sua vocação para o acolhimento da diversidade, a ausência de preconceitos ideológicos e a consciência de que todas as experiências humanas rendem algum tributo ao futuro.
Há sempre algo a aprender com o que não somos e, como bem disse o estadista francês François Mitterrand, “ninguém deveria evocar para si o monopólio das virtudes”. A diferença é necessária. A tolerância a ela, mais ainda.
*Alexandre Pereira
Empresário e Presidente do Cidadania 23 no Ceará.

Blog Eliomar de Lima

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