Voluntários relatam dificuldades de transportar os animais encontrados mortos no interior do Estado
Pelo menos três das 11 tartarugas encontradas mortas no litoral cearense, em decorrência do contato com petróleo cru, não apresentavam manchas externas no corpo, mas tinham vestígios do material no trato digestivo. As informações são do Instituto Verdeluz que relata dificuldades em realizar a necrópsia dos animais espalhados pelo Estado.
Conforme registro da organização, entre 1º de setembro e 25 de outubro, houve o encalhe de 52 tartarugas em que 44 animais foram encontrados mortos. A presença de óleo foi notificada em 11 dos animais mortos e em duas tartarugas encontradas vivas. No trabalho de necropsia, quando é possível relacionar a morte dos animais com as manchas de petróleo cru, avistadas desde o dia 2 de setembro, os voluntários enfrentam dificuldades para transportar as tartarugas encontradas no interior do Estado.
Ícaro Ben Hur, 21, voluntário do Instituto Verdeluz conta que, com a necrópsia, foi encontrada a substância preta e restos de algas no intestino dos animais. “A gente não está conseguindo fazer em todas as tartarugas porque, como são municípios distantes, a gente não consegue receber os animais. O que a gente conseguiu fazer a necrópsia foi em Fortaleza e Aquiraz”, esclarece.
A maioria dos encalhes de tartarugas aconteceu em Fortaleza (14), Aquiraz (10) e Aracati (9), mas outros municípios como Paracuru, São Gonçalo do Amarante e Trairi, também registram o aparecimento de animais. As espécies encontradas são conhecidas popularmente como tartaruga verde, tartaruga oliva, tartaruga de pente e tartaruga cabeçuda. “A gente não tem como dizer se é normal porque o Instituto Verdeluz só atua em Fortaleza e parte dos encalhes vem de outros municípios”, pontua Ícaro.
Ainda assim, o também estudante de oceanografia diz que quem realiza o monitoramento das praia percebe normalmente um grande número de encalhes. “A gente não tem como afirmar se nessa época estão acontecendo mais encalhes, porque a gente nunca tinha recebido tantas informações de outros municípios”, acrescenta. É feito uma contabilização dos animais mortos com informações apuradas de forma colaborativa pelo Verdeluz.
Entre os impactos ambientais, Ícaro lembra da reação em cadeia. “Aqui no Ceará, o litoral é conhecido como área de alimentação da tartaruga verde - ameaçada de extinção - e, aqui em Fortaleza, a gente tem uma área de desova da tartaruga pente, um animal criticamente ameaçado de extinção”. O voluntário destaca que é preciso concentrar os esforços para conter as manchas de óleo antes que o material chegue às praias.
Diario do Nordeste
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