Uma criança e duas adolescentes foram abusadas sexualmente pelo próprio pai e padrasto, respectivamente, no Ceará. Conforme a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), o suspeito foi indiciado por estupro de vulnerável após denúncias da mulher dele. A agricultora, de 36 anos, relatou que a violência contra as três jovens aconteceu nos municípios de Pentecoste, a cerca de 91 quilômetros da Capital cearense, e Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O agricultor responde em liberdade.
De acordo com a agricultora, os estupros sofridos pelas filhas foram descobertos em 2018, quando uma das vítimas, a mais velha, de 15 anos, relatou os abusos, que sofria há três anos, para o namorado. “Há dois anos, eu descobri depois que a gente veio embora lá do sertão para cá, Maranguape. Quando ela arranjou um namoradinho, meu ex-companheiro começou a ameaçar ela, dizendo que se ela não deixasse ele terminar o serviço, tirar a virgindade dela, ele ia acabar com o namoro deles. Foi então que, desesperada, sem aguentar mais, ela resolveu contar para o namorado”, disse.
Segundo a mãe, após ter ciência dos abusos sofridos pela jovem, o namorado resolveu pedir à adolescente para que o caso fosse informado à família dela. Em seguida, os parentes da agricultura denunciaram os estupros para a própria mãe da vítima. “Ela não quis contar para mim. Mas, ao falar para o namorado, ele trouxe ela até os meus familiares. Aí eles me chamaram, eu cheguei até a ir com o abusador, mas ele negou. Ele só negava”, afirmou.
Ao voltarem para casa juntos, sendo constantemente interrogado sobre os estupros dos quais estava sendo acusado, o suspeito, segundo a agricultora, finalmente confessou. “Em casa, ele continuou negando e negando até que, em uma [hora], ele não suportou mais e confessou. Ele confessou tudo. Disse que tinha feito mesmo, que abusou da minha filha. Foi um choque para mim. Eu passei passei mal e chamei os irmãos dele para tirar ele dentro da minha casa, porque eu já não estava mais aguentando olhar para a cara dele”, continuou.
Contudo, esse seria apenas o primeiro caso de estupro de vulnerável na família a ser descoberto pela agricultora. Conforme a mulher, um ano depois de descobrir os abusos sofridos pela primogênita, ele também violentou a filha do casal, uma criança de 6 anos de idade. O abuso aconteceu quando a menina estava na casa da avó paterna, já em Maranguape.
“A minha filha foi passar um final de semana com a avó e ele estava lá. A mãe dele deixou a minha menina dormir com ele. Quando ela voltou pra casa, numa segunda-feira, fui banhá-la e ela chorou, pedindo para eu não passar a mão onde estava doendo”.
Após dez meses da última revelação de abuso sexual sofrido pela criança de 6 anos, outra filha da mulher (enteada do ex-companheiro) decidiu contar que também foi vítima do padrasto. Conforme a agricultora, a jovem foi estuprada ainda em Pentecoste, antes de se mudarem para a Grande Fortaleza. “Ela disse que ele pediu para que ela tirasse a roupa e se deitasse com ele na rede onde ele estava", conta. "Ela sofreu calada pois ele disse que, se ela chegasse a contar, minha mãe, já falecida, iria assombrá-la. Ela, que tem pavor de espíritos, ficou calada”, diz a mãe.
Ameaças
Além do sofrimento pela descoberta dos abusos sofridos pelas três filhas, a agricultora afirmou ter que lidar com ameaças da família do suspeito e descrença dos moradores da região:
“A mãe e a irmã dele me ameaçaram. Minha ex-sogra passa a mão na cabeça dele. Mesmo ele tendo confessado a ela que havia abusado de uma das minhas filhas, ela insiste em dizer que ele é inocente. Ela me disse que, se ele for preso, eu e as minhas filhas iremos pagar muito caro".
"A gente passa na rua e o pessoal fica dizendo que é nossa mentira, que ele não foi preso, que isso, que aquilo... No Ano Novo, eu e as minhas filhas dormimos cedo, não saímos para lugar algum. No Natal também. Não tivemos Natal, nem Ano Novo. Eu passei o dia na BR-020 pedindo ajuda. Quando cheguei em casa, fiquei dormindo com as minhas filhas, e eles (a família do ex-marido) ficaram fazendo festa”.
Conforme a Polícia Civil, dois inquéritos policiais sobre os casos de estupro de vulnerável foram concluídos e enviados à Justiça do Estado do Ceará, nos quais o suspeito foi indiciado pelos crimes. Em relação às ameaças, a Polícia informou que está investigando a denúncia, mas salienta a necessidade de a vítima retornar à delegacia “para representar criminalmente contra o suspeito, já que se trata de um crime passível da representação por parte da pessoa que o noticia à Polícia Civil.”
Enquanto isso, segundo a agricultora, o que resta é lidar com as consequências das violências. "Eu quero muito que a Justiça seja feita, porque ele está solto, e nós é que estamos presas, aqui dentro de casa. Eu não aguento mais ver minhas filhas sofrendo. Eu peço, pelo amor de Deus, que me ajudem, que prendam esse homem".
Com informações do Diário do Nordeste.