Suspeitos foram denunciados por populares de Itapipoca, que suspeitavam do alto poder aquisitivo do grupo
Um grupo criminoso que praticava esquema fraudulento com movimentações de R$ 35 milhões foi desarticulado nessa terça-feira, 23, em Itapipoca, a 130 km de Fortaleza. No momento da operação, foi encontrado um somatório de R$ 5,5 milhões, entre dinheiro, joias, cartões, motocicletas e onze carros de luxo. Os suspeitos foram denunciados por populares da Cidade, que estranharam o poder aquisitivo do grupo, que chegava a ostentar a "vida boa" nas redes sociais. Eles abriram mais de três mil contas falsas em bancos para fazer empréstimos e transformar o dinheiro em patrimônio.
Segundo a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), foram seis meses de investigação para desarticular o grupo. As suspeitas foram levantadas porque eles não mantinham nenhuma empresa de fachada ou praticavam atividades que pudessem justificar os artigos de luxo. Dos 16 alvos da operação, 12 já possuíam mandatos em aberto para a utilização de tornozeleira eletrônica.
"Você está lá em uma cidade do interior, de repente parado em um sinal e passa um Camaro Amarelo. Aí você pensa quem é essa cara, ou conhece o cara, sabe que ele está andando em um carro que vale R$250 mil reais. Você sabe que ele não trabalha e não tem uma empresa. Só pode ser ilícito", explicou Ismael Araújo, titular da Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD). Os investigados utilizavam as redes sociais para expor os carros e comentar sobre a "vida boa". Em um dos vídeos, um dos alvos mostra o carro de luxo e escreve: "E motivacional que fala rs rs".
Diversos crimes
Os suspeitos têm envolvimento em diversos crimes, entre eles, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Os agentes das forças policiais cumpriram 81 mandados judiciais, sendo eles de busca e apreensão, prisão preventiva e de sequestro de bens.
Durante a ofensiva policial, foram apreendidas também seis armas de fogo. Dos 16 alvos, dez foram localizados e tiveram a medida cautelar cumprida por agentes da Secretária da Administração Penitenciaria (SAP) em parceria com policiais civis. Outras quatro pessoas foram presas seguindo mandado de prisão preventiva e um suspeito foi autuado em flagrante por portar quatro armas de fogo.
Crimes na pandemia
Segundo a investigação, o grupo aproveitou a pandemia para usar dados de vítimas de todo o Brasil, para fingir serem clientes e abrirem contas em bancos e solicitar benefícios bancários, como empréstimos e financiamentos. Em alguns casos, as pessoas sabiam que seus nomes estavam sendo usados e em troca recebiam um pagamento mínimo. Com a renda, eles compravam patrimônios, como carros, motos e imóveis, para tornar os valores ilícitos em lícitos, configurando lavagem de dinheiro.
De acordo delegado Araújo, foram abertas mais de 3 mil contas falsas. A Polícia está em contato com os bancos para receber o cadastros das pessoas que foram vítimas. Os bens comprados como carros, joiais e motocicletas serão colocadas em um leilão para que o valor seja revertido para o Estado.
Crimes sem uso de arma
A investigação seguirá para avaliar se o grupo tinha envolvimento em outros crimes. O delegado geral da Polícia Civil, Sérgio Pereira, explicou que esse tipo de crime geralmente não requer o uso de armas. "Logicamente, para aplicação de golpes, eles não estavam utilizando armas, mas por que ter a posse de armas de fogo? As investigações precisam se aprofundar nesse sentido, para saber se esses alvos estavam envolvidos em crimes violentos", acrescentou.
O Povo