Localizada a 12km da costa, a pequena ilha desconhecida abriga um dos dois observatórios magnéticos do Brasil em funcionamento
A ilha de Tatuoca é uma pequena ilha desconhecida localizada a 12km da costa no estado do Pará. Há 62 anos, sua localização possui uma posição estratégica: é um dos dois pontos brasileiros de captação magnética da Terra e responsável pela medição de importantes fenômenos geofísicos.
O acesso para a ilha é feito apenas por barco, com uma viagem de cerca de 30 minutos, saindo da cidade de Icoaraci. O observatório magnético é coordenado pela pesquisadora Grantee do Serrapilheira Katia Pinheiro, onde a ilha vem se destacando como centro de pesquisas magnéticas.
Os observatórios magnéticos brasileiros pertencem ao Observatório Nacional, criado em 182 por Dom Pedro I. Além de Tatuoca, a instituição ainda conta com o observatório de Vassouras, localizado no centro-sul do estado do Rio de Janeiro, fundado em 1915. No entanto, por conta do crescimento da cidade, as interferências já são perceptíveis nos dados.
Por outro lado, Tatuoca não possui moradores, carros nem atividade alguma além do observatório magnético, e, por conta disso, o ambiente é propício para as captações. Para preservar essas captações e o ambiente, o controle para entrar é rigoroso: não se pode entrar no observatório com qualquer item que contenha metal e possa criar interferência, como brincos, cintos, etc.
A mais recente descoberta feita pelo observatório foi em setembro de 2020, mostrou resultados importantes sobre o chamado eletrojato equatorial, dados extraídos de mais de 60 anos, apontam que o deslocamento magnético do equador no Brasil foi o maior em comparação ao resto do mundo, 1100 km de deslocamento para o norte. Em consequência, o eletrojato equatorial gera uma amplificação da variação diurna 1 da componente horizontal do campo.
O estudo mostra a forma e intensidade de como a variação diurna no observatório ao longo dos anos. Em comparação aos campos gerados por correntes de baixa e médias latitudes, o campo magnético mostra uma maior amplitude de variação, ocasionando influência nas estações do ano e oscilações atmosféricas.
Outra importante descoberta foi feita no ano de 2012, onde foi registrado a passagem do Equador magnético, onde o campo é de forma horizontal. O fenômeno tem sua importância para os estudos de geofísica espacial e para pesquisas que envolvam a evolução do campo no núcleo.
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