Carfentanil, um opioide de uso veterinário que é utilizado para anestesiar elefantes, foi a substância misturada à cocaína que provocou mais de 20 mortes na semana passada na Argentina, afirma a imprensa local, que teve acesso a relatos de peritos que analisaram a substância.
"O resultado de dois estudos de especialistas independentes chegaram à conclusão de que a substância utilizada para aumentar o cloridrato de cocaína, encontrada em várias amostras apreendidas no contexto dessas ações, é o carfentanil, um opioide extremamente forte cujos efeitos são 10 mil vezes mais fortes, ou mais forte que a heroína ou o fentanil", diz o "Clarín".
O jornal afirma que a substância foi identificada tanto por peritos do laboratório da Promotoria de Munro quanto pelo laboratório da Polícia Científica de Buenos Aires. A informação é corroborada pelo jornal "La Nación".
Inicialmente, a suspeita era de que a droga estivesse adulterada com a mistura de outro opioide, o fentanil.
No total, 24 pessoas morreram ao consumir a cocaína misturada com a substância, e dezenas de outras foram internadas com sintomas graves de insuficiência respiratória.
Além disso, cerca de 200 pessoas compareceram a postos médicos com sintomas graves de intoxicação e centenas de outras fizeram contato com postos de saúde buscando informações sobre o assunto.
O traficante paraguaio Joaquín Aquino, conhecido como “El Paisa”, e apontado como o responsável pela distribuição da cocaína adulterada, foi preso e teve uma ordem de expulsão permanente do país emitida. Outras 12 pessoas, também envolvidas na distribuição e venda da cocaína, foram detidas.
Intoxicação
As primeiras mortes e internações pelo uso da droga adulterada aconteceram no dia 2 de fevereiro. Em poucas horas, os casos se multiplicaram em diversas regiões da província de Buenos Aires e as autoridades emitiram um alerta.
A origem da droga foi identificada como Puerta 8, uma zona conhecida de tráfico. A polícia apreendeu mais de 15 mil doses do lote, embalado em um plástico cor de rosa, o que teria evitado uma tragédia ainda maior, mas muitas já haviam sido distribuídas, a um valor unitário de 200 pesos (R$ 10).
Autoridades pediram que compradores jogassem fora pacotes da droga adquiridos recentemente e com aquelas características, mas ainda assim foram registrados pelo menos três casos de pessoas intoxicadas que voltaram a ser socorridas em hospitais porque consumiram novamente a droga, depois de terem recebido alta após um primeiro atendimento, segundo o ministro da Saúde de Buenos Aires, Nicolás Kreplak.
G1