Presentes em 22 municípios cearenses, os manguezais são fundamentais para a captura de carbono no meio ambiente e auxiliam na proteção da zona costeira
A preservação dos manguezais no Ceará ganha destaque, anualmente, durante o mês de julho. Isso porque a Lei Estadual 16.996 prevê, desde 2019, a realização da Semana Estadual de Proteção aos Manguezais do Ceará, sempre durante o sétimo mês do ano. Mesmo com o debate anual sobre a causa, o tema ainda precisa ser difundido de maneira mais abrangente em todas as camadas sociais para que a população tenha consciência da importância deste ecossistema, existente em 22 municípios cearenses.
"Ainda há uma grande falta de respeito das pessoas em relação aos manguezais. Essa falta de educação não é pontual, e existe na humanidade em geral", opina a especialista em gestão ambiental e articuladora do Ecomuseu Natural do Mangue, Fabiana Pinho.
A estudiosa destaca que os manguezais são áreas de transição entre ambientes marinhos e terrestres e que, sem eles, a sobrevivência humana e dos demais animais, nessas áreas, se tornaria insustentável.
"Sem os manguezais não há biodiversidade, também não teríamos alimentos para tantas famílias que vivem, principalmente, em áreas costeiras", relata.
De acordo com Fabiana, a degradação dos manguezais não é uma novidade no Brasil. "Antigamente, tínhamos muitas queimadas, e isso causou uma devastação sem precedentes. Desde a chegada da coroa portuguesa que essas áreas sofrem."
Quantos hectares de manguezais existem no Ceará?
Em recorte recente, o Ceará apresentava cerca de 19 mil hectares (ha) de mangues no ano de 2018. Já o último levantamento, realizado em 2020, aponta para uma piora do cenário, como explica Lucas Silva, técnico da Coordenadoria de Biodiversidade (Cobio/SEMA).
"Temos aproximadamente 17 mil hectares de mangues no Estado, conforme os dados do Mapa de Biomas 2020. Então, temos feito um esforço para educar a população e fornecer subsídios aos municípios para recuperação desses manguezais", destaca.
O representante da Sema ressalta que a principal estratégia da secretaria tem sido a criação de unidades de conservação com o intuito de garantir a segurança desses espaços. As cinco principais unidades ligadas a regiões de manguezais são o Parque Estadual do Cocó, a Área de Proteção Ambiental (APA) do rio Pacoti, a APA do estuário do rio Ceará - rio Maranguapinho, a APA do estuário do rio Curu e a APA do estuário do rio Mundaú.
De acordo com uma carta publicada pela Rede Nacional dos Manguezais (Renaman), além de possuírem um dos ecossistemas mais ricos do planeta, os manguezais são fundamentais no estoque de carbono presente no ar. Outra função essencial dessas áreas é a contribuição para a redução de vulnerabilidade da zona costeira às mudanças climáticas, como na contenção de maremotos e da erosão costeira.
De acordo com Lucas Silva, o Governo do Estado visa combater a degradação dessas regiões, promovendo educação ambiental, fiscalizando essas áreas, além de realizar ações mais diretas, como o florestamento e o reflorestamento.
Desde o último ano, um viveiro construído no Parque do Cocó tem contribuído para a restauração das áreas de mangue. Criado em junho de 2021, o local ainda atua em caráter experimental, mas já foi responsável por produzir cerca de 2 mil mudas de manguezais.
Programação Semana Estadual de Proteção aos Manguezais do Ceará
Os debates sobre a situação dos manguezais cearenses tiveram início na tarde desta terça-feira, 26, e vão até o próximo dia 31 de julho. A programação conta com convidados da Rede Nacional de Manguezais (Renaman), Secretaria de Meio Ambiente do Ceará (Sema), além da equipe do Ecomuseu. Os encontros acontecem de forma virtual e podem ser acompanhados por meio do canal Aquófilos, no Youtube.
Onde estão os manguezais do Ceará?
Chaval
Barroquinha
Camocim
Jijoca de Jericoacoara
Cruz
Acaraú
Itarema
Amontada
Itapipoca
Trairi
Paraipaba
Paracuru
São Gonçalo do Amarante
Caucaia
Fortaleza
Eusébio
Aquiraz
Cascavel
Beberibe
Fortim
Aracati
Icapuí
O Povo