O empresário Júnior Peixoto, 41, que ficou conhecido nacionalmente após se agarrar ao para-brisa de um caminhão em movimento durante ato antidemocrático que rejeita a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL), disse à Folha de S. Paulo que tomou a atitude para se defender de uma suposta tentativa de atropelamento.
"Graças a Deus que eu tive essa reação, porque hoje eu poderia estar morto. Ele [motorista] acelerou a máquina para o meu lado e veio com tudo", afirmou o manifestante bolsonarista ao periódico paulista.
Em sua versão da história, o "patriota do caminhão", como passou a ser chamado, disse que não tentou bloquear a passagem do veículo. Ele alegou que foi ao local levar refeições e água para os participantes do protesto e que tudo aconteceu enquanto estava sendo debatida a possibilidade de desobstrução de uma das duas faixas da rodovia — o caso aconteceu em Caruaru, um município do interior de Pernambuco, na última quarta (2).
"Quando começaram a liberar [tirando pneus e pedras da via], escutei quando o motorista colocou a marcha no caminhão. Virei para ele e acenei. Eu estava a uma distância de dois metros e gesticulei pedindo um pouco de paciência. Não sei se ele interpretou isso errado, pensou que iria fechar a BR novamente, e aí ele acelerou", relata Júnior. E sua reação imediata teria sido segurar o limpador do para-brisa.
No vídeo que mostra o caso nas redes sociais, contudo, o motorista do caminhão narra outra versão. Ele afirma que "o cara subiu aí e disse que não vai descer".
'ESTAVA CERTO QUE IRIA MORRER'
O empresário também contou à Folha que percorreu cerca de seis quilômetros agarrado ao caminhão, situação que, ainda segundo ele, teria durado em torno de oito minutos.
Além disso, ele disse acreditar que, em determinado momento, o veículo tenha ultrapassado 100 km/h, o que o teria deixado "bastante assustado". "Quando o caminhão começou a desenvolver velocidade, eu estava certo que iria morrer. Estava convicto que aquele era o meu último dia de vida", contou.
Ele afirmou que não houve diálogo com o motorista e que apenas chegou a fixar o olhar "por umas duas ou três vezes" e perguntar "você vai me matar, não é?". "Aí, acho que começou a pesar na consciência dele e ele começou a parar".
Após descer do veículo, Júnior teria pedido uma carona para voltar à cidade e chegar em casa.
'ME SENTI EXPOSTO'
A repercussão do ocorrido nas redes sociais o teria deixado "bastante assustado. "Este não é meu universo [redes sociais]. Me senti exposto", ressaltou.
A família do empresário só soube do que aconteceu na manhã seguinte, quando uma pessoa compartilhou o vídeo com a esposa dele, que o questionou. "Eu iria falar [com a família], mas gradativamente. Não iria dizer tudo de uma vez. Mas a internet não perdoa", lembrou.
Na imagem que estampa a reportagem da Folha, Júnior aparece de braços abertos em frente a um caminhão. Não mais de camisa e boné amarelos, como no vídeo que viralizou, mas de camisa de botão na cor lavanda e calça jeans clara. Em outra foto, ele aparece posando com a mão no bolso no pátio de uma concessionária de caminhões em Caruaru.
Diario do Nordeste