Cem adultos
que se identificam como transgêneros também são acompanhados pelo ambulatório
transdisciplinar do Hospital das Clínicas. Pessoas trans podem passar por
intervenções médicas como bloqueio da puberdade, hormonização e cirurgia de
redesignação sexual.
Atualmente,
380 pessoas identificadas como trans fazem transição de gênero gratuitamente no
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP), na capital
paulista.
Desse total,
100 são crianças de 4 a 12 anos de idade, 180 são adolescentes de 13 a 17 anos
e 100 são adultos a partir dos 18 anos.
Variedade de
gênero
“O termo transgênero é um termo guarda-chuva e se refere a qualquer variedade de gênero, sejam transexuais, travestis, gênero não binário, agênero, gênero fluído”, disse ao g1 o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Amtigos (Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual)do HC da USP.
Segundo o
especialista, no caso dos transgêneros, existe uma hipótese científica de que
essa identidade de gênero se manifeste no cérebro na formação do bebê, ainda na
fase intrauterina, depois do desenvolvimento dos órgãos sexuais.
Em outras
palavras, de acordo com Saadeh, isso quer dizer que alguém que nasce com a
genitália feminina não necessariamente terá um cérebro feminino. E vice-versa.
“Aliás, é
importante falar que a questão trans, a transexualidade ou qualquer
variabilidade de gênero não é considerada uma doença”, disse o psiquiatra.
Em 2018,
a Organização
Mundial de Saúde (OMS) retirou a transexualidade da lista de transtornos
mentais da Classificação Internacional de Doenças (CID) e passou a ser
considerada uma "condição". Apesar disso ela continua no CID, mas
numa categoria chamada de “saúde sexual”.
Oficialmente,
a transexualidade é citada com o termo "incongruência de gênero" na
CID-11, e descrita como "uma incongruência marcada e persistente entre o
gênero que um indivíduo experimenta e o sexo ao qual ele foi designado".
Essa
inadequação vivenciada por transgêneros pode provocar o que especialistas
chamam de "disforia de gênero", que é quando uma pessoa não se sente
confortável com as características masculinas ou femininas de seu corpo.
“É importante
o diagnóstico no sentido de viabilizar e legalizar uma intervenção médica que
se faça necessária. Desde hormonização até cirurgia”, falou Saadeh.
G1