O Brasil negou pedido do Irã para atracar navios de guerra em um porto da Marinha, no Rio de Janeiro. Atrasadas, as embarcações chegariam nesta semana ao país. Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva viram a solicitação como uma tentativa de Teerã de usar o Brasil para provocar os Estados Unidos, próximo à viagem do petista a Washington.
A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (9). A comitiva brasileira embarcou para os EUA na manhã desta quinta e tem retorno previsto para a manhã do sábado (11). Na sexta (10), Lula se encontra com Joe Biden, o presidente norte-americano.
Segundo a Folha, em 13 de janeiro, o Brasil chegou a autorizar oficialmente o atracamento das embarcações militares Iris Makran e Iris Dena no porto do Rio em 23 e 30 do mesmo mês.
Embora haja forte pressão diplomática dos EUA para que os países da América Latina neguem esse tipo de permissão para a Marinha iraniana, o Ministério das Relações Exteriores adota o princípio de não reconhecer sanções unilaterais, apenas as aprovadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), lembrou a reportagem. Por isso não haveria razões para negar a solicitação de Teerã.
Embora haja forte pressão diplomática dos EUA para que os países da América Latina neguem esse tipo de permissão para a Marinha iraniana, o Ministério das Relações Exteriores adota o princípio de não reconhecer sanções unilaterais, apenas as aprovadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), lembrou a reportagem. Por isso não haveria razões para negar a solicitação de Teerã.
Lá, os navios iriam abastecer, e a tripulação passaria alguns dias na cidade. O plano repassado à Marinha envolvia a estadia por um curto período, até que seguissem para o Canal do Panamá, para exercícios militares. Embarcações de guerra, o Iris Makran tem mísseis e canhões navais e o Iris Dena, usado no apoio logístico de navios de combate, tem capacidade para transportar até cinco helicópteros.
Em nota, a Marinha brasileira disse que “não houve atracação no referido período [de 23 a 30 de janeiro]”. Procurada, a embaixada do Irã em Brasília não fez comentários. Pessoas com conhecimento das tratativas disseram reservadamente que os iranianos fizeram uma nova solicitação oficial para que os navios pudessem atracar no Rio, num período que compreende o fim de fevereiro e o início de março.
A consulta foi levada para avaliação do governo. À Folha o Itamaraty disse que a nova data acertada com o país persa é para que os navios atraquem de 26 de fevereiro a 3 de março. Segundo a chancelaria, a justificativa para a visita oficial é a celebração dos 120 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Irã.
No entanto, a Folha apurou que em seguida houve uma gestão informal de autoridades iranianas para saber se o Brasil aceitaria antecipar a passagem dos navios para esta semana. Uma oficialização do pedido seria feita somente em caso de resposta positiva. Após análise, conselheiros de Lula avaliaram que o gesto seria uma provocação do Irã aos EUA, elaborada para coincidir com a reunião de Lula e Biden.
Assim, a possibilidade de conceder a autorização foi descartada. Questionado sobre essa consulta informal, o Itamaraty não comentou.
O Tempo