Presidente da Assembleia pede à PF se há informação sobre relação de deputado cearense com facção



O presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT), encaminhou ao superintendente regional da Polícia Federal do Ceará pedido de informações de evidências ou indícios que apontem envolvimento de deputado estadual ou ex-deputado estadual do Ceará com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Em ofício, Evandro pede "quaisquer evidências ou indícios que possam indicar o envolvimento de Deputado Estadual ou Ex-Deputados Estaduais com a organização criminosa PCC, que supostamente constam nos autos do Processo nº 5005531-76.2023.4.04.7000, que tramita na 9ª Vara Criminal Federal em Curitiba/PR". O ofício é dirigido ao delegado Rodrigo Carneiro Gomes, superintendente da PF no Ceará. 

Documento atribuído à facção foi apreendido pela Polícia Federal na operação Sequaz, durante diligência no Paraná. A investigação é a mesma que revelou plano contra autoridades, inclusive o ex-juiz e senador senador Sergio Moro (União Brasil-PR). O documento em questão cita políticos e advogados cearenses. Em um dos pontos consta: "Viagem a Fortaleza reunião com o Deputado". O nome do suposto parlamentar não é informado.

"A suposta participação de um Deputado do Estado do Ceará em ações comandadas pelo PCC nos últimos dias no país é de natureza gravíssima e demanda apuração minuciosa por parte deste Poder Legislativo", diz o ofício.


"A importância da informação se dá para tentar proteger o Poder Legislativo Estadual, uma vez que o envolvimento de um deputado com uma organização criminosa pode gerar a percepção de que o Parlamento está tolerando ou até mesmo sendo conivente com atividades ilegais, o que pode afetar a confiança da sociedade no sistema político", acrescenta o documento assinado pelo deputado Evandro Leitão.

O ofício do presidente da Assembleia acrescenta que "embora o envolvimento de um deputado ou ex-deputado com uma organização criminosa não represente necessariamente toda a instituição Legislativa, a percepção pública muitas vezes é de que todo o poder está comprometido, o que pode prejudicar a sua imagem e legitimidade". 

O documento

O material foi tornado público na semana passada, após a operação ser deflagrada, quando a juíza da 9ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, retirou o sigilo. Em ofício destinado a ele no dia 13 de março, a Polícia Federal informa ter identificado "diversas anotações de datas e valores" durante busca e apreensão em imóveis.

O documento lista supostas despesas advocatícias, aparentemente sem relação com o plano que tinha Moro e outras autoridades como alvos. Parte das despesas seriam com visitas ao Cearám onde teriam sido mantidas agendas com advogados, um ex-promotor de Justiça e o “deputado”. Os nomes do parlamentar e do ex-integrante do Ministério Público não são informados.

Entre as despesas elencadas sobre o Ceará consta também o atendimento à família dois dos réus de uma das maiores chacinas da história do Ceará. É mencionado: "Atendimento a família dos irmãos Noe e Misael CE" (sic). Refere-se a Noé de Paula Moreira e Misael de Paula Moreira.

Eles são acusados de envolvimento com a chacina do Forró do Gago, que matou 14 pessoas no bairro Cajazeiras, em Fortaleza, no dia 27 de janeiro de 2018. Na época, foi a maior chacina da história do Ceará, superando a chacina do Curió, de novembro de 2015.

Noé é apontado como um dos responsáveis por planejar e autorizar a realização da chacina. Misael é acusado tanto de planejar como de executar a matança.


O Povo

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