Histórias,
"causos", balelas, invencionices ou, simplesmente, mentiras.
Celebradas no dia de hoje - 1º de abril -, elas foram contadas durante toda a
história da humanidade. Em excesso, podem indicar transtornos psicológicos
graves, além de trazer sérias consequências para quem conta. Mas hoje, Dia da
Mentira, Dia dos Tolos ou Dia dos Bobos, elas são aceitas e até celebradas.
A tradição de 1º de abril
remonta à instituição do Calendário Gregoriano, que substituiu o Calendário
Juliano por determinação do Concílio de Trento (conselho ecumênico da Igreja
Católica).
Com a instituição do novo
calendário pelo papa Gregório XIII, em 1582, historiadores contam que parte da
população francesa se revoltou contra a medida e se recusou a adotar o 1º de
janeiro como início do ano. Zombados pelo resto da população, os resistentes às
mudanças eram convidados para festas e comemorações inexistentes no 1º de
abril. Nascia assim a tradição de zombaria e de pregação de peças.
Há também relatos históricos
que relacionam a data ao festival de Hilária - uma festa romana no período
anterior ao nascimento de Cristo - que celebrava o equinócio de março em honra
à deusa Cibele, a “Mãe dos Deuses", uma divindade que reunia aspectos das
deusas gregas Gaia, Reia e Deméter.
No Brasil, a tradição foi
introduzida em 1828, com o noticiário impresso mineiro “A Mentira”, que trazia
em sua primeira edição a morte de Dom Pedro I na capa e foi publicado justamente
em 1º de abril.
Mentiroso moderno
Apesar da permissão lúdica
no dia 1º de abril, a mentira pode se tornar hábito e degradar relações
sociais. Em tempos de ampla difusão de conteúdos na internet, uma mentira pode
ser considerada até mesmo fake news - notícias falsas ou com dados
manipulados deliberadamente para enganar ou enviesar as conclusões do leitor -
e ser punida legalmente.
Para o psiquiatra Ilton
Castro, existem diferentes níveis de mentira: há aquelas que suavizam
realidades e as que são usadas para usufruir benefícios em detrimento de outras
pessoas. Há também a condição psicológica conhecida como mitomania, definida
pelo uso compulsivo de mentiras.
"No jogo social, é
normal mentir ou omitir alguma coisa, mas existem casos considerados sérios. A
mentira aparece como um hábito. O mitomaníaco mente e acredita no que diz. A
fantasia vira realidade e ganha enredos intermináveis. A mentira cresce",
explicou o psiquiatra.
O uso exacerbado de mentiras
pode indicar transtorno de personalidade e fragilidades psicológicas que
necessitam ser trabalhadas, acrescentou.