A defesa dos policiais denunciados pelo duplo homicídio ressalta que os PMs ainda não foram citados
As mortes da advogada Rafaela Vasconcelos, de 34 anos, e da mãe dela, Maria Socorro dos Vasconcelos, em Morrinhos, completam um mês nesta segunda-feira (24). 31 dias depois, o caso segue cercado por mistério. Afinal, o que motivou o crime, sendo uma das vítimas esposa de um tenente-coronel da Polícia Militar do Ceará (PMCE).
Até então, há dois suspeitos presos pelo duplo homicídio. Ambos, policiais militares que já tinham antecedentes criminais. O sargento Francisco Amaury da Silva Araújo e o soldado Daniel Medeiros de Siqueira seguem presos e na condição de denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE).
A reportagem do Diário do Nordeste questionou o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) se o Judiciário acolheu a acusação, tornando os acusados, réus. O TJ disse não poder responder à pergunta, porque o caso tramita em segredo de Justiça.
Rafaela e Maria Socorro foram mortas próximo a uma agência bancária. Elas estavam trafegando na rua em uma moto, quando foram surpreendidas por homens armados em outra motocicleta.
Por nota, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) diz que a dupla suspeita do crime foi indiciada e que permanece a apuração dos fatos na seara disciplinar.
Os militares seguem afastados das funções, pelo menos até o fim do mês de julho, conforme publicado no Diário Oficial do Estado (DOE).
O QUE DIZ A DEFESA
A defesa dos policiais ressalta que os PMs ainda não foram citados. Conforme os advogados de defesa, Marcus André Viana Cavalcante, Francisco Rômulo Araújo de Souza Filho e Tatiane Magalhães, tramita no Judiciário um habeas corpus pedindo a nulidade das provas colhidas a partir do celular do sargento.
De acordo com a defesa, não houve autorização por parte de Francisco Amaury para que os policiais que realizaram o flagrante mexessem no aparelho do suspeito e extraírem informações confidenciais: "entramos com um mandado de segurança e vamos apresentar resposta à acusação dentro do prazo legal", disse o advogado Marcus André.
No celular do sargento tinha, supostamente, vídeo da casa da advogada. Policiais civis disseram que acessaram o aparelho celular de Francisco Amaury com autorização dele e encontraram imagens que apontam a participação do sargento e do soldado Daniel no duplo homicídio.
Em um dos vídeos, gravado no início de março deste ano, aparecem três homens dentro de um veículo, realizando um levantamento de endereço. Um dos ocupantes do automóvel fala para "parar atrás do carro dela". Um policial que atua na região confirmou que a imagem é da residência onde a advogada Rafaela Vasconcelos morava com o marido, um tenente-coronel da PMCE.
Os investigadores também encontraram duas fotografias de uma motocicleta Honda CB300, de cor preta, feitas no dia 22 de março último, dois dias antes do crime. A motocicleta, para os policiais civis, é a mesma que foi apreendida em um matagal e que teria sido utilizada pelos executores das duas mulheres, no dia 24 de março de 2023, data do crime.
Diário do Nordeste