Projeto de lei prevê que big techs paguem por conteúdo jornalístico publicado

 

No Brasil, um projeto de lei tramita na Câmara dos Deputados e obriga as companhias a pagarem pelos conteúdos jornalísticos que publicarem, assim como já acontece na Austrália



Neste dia 7 de abril, quando é comemorado o Dia do Jornalista, profissionais e pesquisadores de comunicação demonstram preocupação com a falta de uma regulação das chamadas big techs, empresas responsáveis pelas plataformas digitais. No Brasil, um projeto de lei conhecido como PL das Fake News tramita na Câmara dos Deputados e obriga as companhias a pagarem pelos conteúdos jornalísticos que publicarem, assim como já acontece na Austrália.

Em entrevista ao portal R7, o relator do projeto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), afirmou que a legislação é importante para promover a valorização do jornalismo profissional na era digital

“O jornalismo é, inclusive, utilizado para dar tráfego às redes sociais, aos buscadores, e é por isso que eu acredito que, quando há conteúdo jornalístico indexado, publicado em redes sociais e buscadores, é necessário que haja uma remuneração por esse trabalho”, defendeu.

Regulamentação das big techs

A pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Patrícia Maurício, ressalta que os grandes portais de notícia recebem atualmente uma audiência expressiva de plataformas digitais, seja pela busca do Google, seja por compartilhamentos de redes sociais.

“Existem determinados parâmetros que são criados pelo Google, por exemplo, para ranquear uma matéria. É óbvio que o jornalismo comercial vai atrás da audiência para poder vender os anúncios que estão no seu site. A questão da audiência já era um problema no passado e hoje estamos em uma situação em que é preciso observar as métricas, usar as palavras-chaves, estruturar os parágrafos do jeito que as plataformas querem, se não o Google não vai ranquear bem”, observa.

A especialista aponta que as big techs possuem modelos de negócio baseados nos dados coletados dos usuários e que essas tecnologias precisam ser reguladas para servirem ao interesse público. Ela considera preocupante o nível de concentração do mercado.

“Elas usam os dados das pessoas que estão navegando para direcionar a publicidade a elas. Você faz buscas no Google e daí eles sabem que você está procurando uma geladeira. Então começam a te mostrar anúncios de geladeira. E isso foi se sofisticando”, ressalta.


Conforme o advogado e professor de Direito Constitucional Antônio Carlos Freitas Junior, o século 21 exige o debate sobre a regulamentação, principalmente em relação às big techs, grandes empresas de tecnologia que dominam o mercado.

“Em algum momento, uma autoridade, até mesmo mundial, e os países vão ter que se debruçar para limitar a atuação livre e desimpedida das big techs”, declarou.

O que são big techs?

Big Techs é o nome dado a empresas gigantes da tecnologia, que oferecem soluções inovadoras e atuam em escala global. Isso significa que elas estão presentes em quase todas as regiões do planeta, oferecendo soluções tecnológicas dos mais diversos tipos, inclusive no setor educacional, como é o caso das edtechs.

Majoritariamente, as Big Techs estão localizadas no Vale do Silício, nos Estados Unidos. As 5 mais poderosas são: Apple, Microsoft, Alphabet (Google), Amazon e Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp).


GC Mais 

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