O deputado Fernando Hugo (PSD) é médico, atua nos hospitais diariamente e conhece toda a estrutura hospitalar de Fortaleza e do interior do Ceará. “Há 15 anos, a tabela do SUS é a mesma e, com os valores atuais, nenhum hospital sobrevive”, disparou o parlamentar, que está completando 36 anos na Assembleia.
As palavras do deputado, que praticamente construiu toda a estrutura do Estado na grande Messejana, fazem sentido. “A Prefeitura de Fortaleza sustenta 10 hospitais. Só o IJF custa R$ 500 milhões por ano. É toda a arrecadação do IPTU, o imposto que deveria bancar a zeladoria da cidade”, pontuou.
Já no sertão, o Hospital Regional de Itapipoca, que pertencia a uma fundação privada, foi adquirido pelo Estado, entregue à Prefeitura do município e tornou-se um problema.
Com 10 leitos em funcionamento, não consegue responder à demanda de 180 leitos. “Tenho ligações fortes com Itapipoca. A Prefeitura recebeu uma conta. O hospital foi construído pelos deputados Aníbal Gomes e Duquinha, com recursos federais, e está há 30 anos parada”, explicou o deputado Evandro Leitão, presidente da Assembleia, inocentando o prefeito Felipe Pinheiro. “Ele herdou a conta para pagar”, explicou.
A conta da saúde está na pauta dos deputados estaduais cearenses, puxada pela aproximação da eleição municipal. A troca de farpas entre o prefeito de Fortaleza, José Sarto, e o governador Elmano de Freitas detonou a ríspida discussão sobre a questão da saúde no Ceará.
Os deputados do PDT que atuam na oposição e apoiam o prefeito Sarto afirmam que o gesto de Fortaleza aguarda uma reunião com o governador para renovar parcerias e distribuição de recursos.
Em um ponto, parece haver convergência: os deputados estaduais concordam com a estadualização dos Hospitais Regionais municipalizados.