Cartomante que desapareceu em Jericoacoara denunciou ameaça

 

O belo-horizontino Otto Lucio Pessoa Aguilar, de 41 anos, publicou denúncia de homofobia e racismo um dia antes de ser visto pela última vez




O desaparecimento do cartomante belo-horizontino Otto Lucio Pessoa Aguilar, de 41 anos, deixou um espaço em branco na vida da família e amigos há 11 meses. Otto foi visto pela última vez em uma UPA em Jericoacoara, no Ceará, após denunciar um espancamento próximo ao Bar Zchopp, na região da praia principal de Jeri. “A mãe dele precisa de uma solução. A família toda, os amigos que perguntam todos os dias. Lá é uma cidade turística, cadê o Otto?”, questiona a prima, Aline Santos, de 42 anos.


Como Aline conta, Otto estava há quatro meses morando em Jericoacoara quando desapareceu. Ele vivia de leituras de cartas de tarot, oferecendo o serviço em bares e praias da vila turística. “Nós sempre tínhamos notícias dele, e ele postava tudo em rede social, sabíamos todos os lugares aonde ia”, diz Aline. A distância nunca havia sido um problema para a família. “Otto já morou fora do país, na Europa, e em outras cidades do Brasil. É muito conhecido nas praias do Rio de Janeiro”, continua.

De acordo com uma amiga do cartomante, Deia Liss, Otto havia viajado sozinho e tinha como companhia os próprios clientes. “Ele é apaixonado pelo Ceará. Gostava muito de viajar, de viver a vida, de estar nas praias. Foi sozinho, e jogava cartas. Não tinha amigo, só os que conhecia lá”, conta.

O primeiro conflito

No dia 16 de setembro do ano passado, Otto postou uma denúncia na rede social. Ele contou ter sido maltratado em um bar pelo “suposto gerente” e ameaçado de agressão. “Estava fazendo meu ‘trabalhão’, me divertindo e bebendo a convite dos meus clientes, quando um suposto gerente se incomodou e veio me expulsar do bar”, escreveu.



No post, Otto diz que os clientes não aceitaram que ele saísse. Mesmo assim, o problema não se resolveu. “Não satisfeito com o que as pessoas haviam dito, ele chamou a polícia para mim. Como não sou bandido e não tenho medo de polícia, expliquei às autoridades o que houve e continuei na mesa até terminar a minha cerveja. Mas venho aqui dizer a meus seguidores, amigos e clientes, que #racistasnãopassarão e que #homofobicosnaopassarao!”, diz o post.
Família conta sobre agressão

A prima de Otto, Aline, diz que o cartomante ligou para a mãe um dia depois, contando de uma agressão. “Meu primo disse que tinha apanhado muito por causa dessa desavença com o dono do bar. Contou que o homem ameaçou ‘chamar os caras’ para ele, caso não saísse. Ele apanhou tanto desses ‘caras’ que precisou se esconder em uma pousada, ficou escondido no banheiro, até eles irem (embora)”, conta.
Cartomante desaparecido estava com medo de morrer

Com a agressão, Otto teria ficado sem celular, como contou para a mãe. “Ele ligou pelo celular da pousada, precisou pedir emprestado”, continua Aline. Nesta última ligação, o cartomante pediu R$ 1.500 para a mãe para voltar para Belo Horizonte. “Ele disse que precisava voltar urgente, que, se não, seria morto”.

O último registro de Otto, nesse mesmo dia, foi em uma UPA da vila de Jericoacoara. Depois, sua identidade não foi registrada em mais nenhum órgão, de acordo com o Ministério Público do Estado do Ceará. “O Ministério informou para a gente que olhou em delegacias, aeroportos, hospitais, tudo que é lugar que precisa de identificação, mas não encontraram nada do Otto”, diz Aline.

Ainda, a mãe do cartomante colheu o DNA para ajudar nas buscas, mas em teste em dois corpos encontrados, nenhum era de Otto.

O caso está sendo investigado, desde setembro de 2022, pela 12º Delegacia do DHPP, que investiga desaparecimentos no Ceará

O Tempo

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