Associação atribui a escassez à nova política de preços da Petrobras, que mantém os valores do mercado interno congelados há cerca de 80 dias
Distribuidoras de combustíveis estão reclamando de restrições na oferta de diesel em diferentes regiões do país.
Os relatos foram colhidos pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), em consultas informais desde a semana passada.
Os entraves na distribuição, que não chegam a ser uma falta de abastecimento, foram relatados em postos em Rondônia, Pará, Tocantins, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O presidente da Abicon, Sérgio Araújo, atribui a falta de diesel à nova política de preços da Petrobras, que mantém os valores do mercado interno congelados há cerca de 80 dias, desestimulando as importações.
A diferença entre o diesel vendido no Brasil e no exterior já chega a R$ 1,29 por litro.
Em nota, a Petrobras informou que “está cumprindo integralmente suas obrigações contratuais que assumiu junto às distribuidoras”.
Disse ainda que o mercado brasileiro não é atendido só pela estatal, mas “também por distribuidoras, importadores, refinadores, formuladores, que têm plena capacidade de atender demandas adicionais.”
O diesel s-10 é utilizado no transporte de carga, de passageiros e na geração de energia.
Defasagem no preço do diesel
Os números divulgados pela Abicom mostram como está o cenário de defasagem nos preços do óleo diesel.
Em um comunicado, a associação mostra que há uma distorção nos preços praticados hoje pela Petrobras, uma vez que o Brasil precisa deste produto vindo de importação, pois não é autossuficiente em diesel e gasolina.
Os gráficos abaixo mostram essas diferenças entre os preços. Os dados são uma monitoramento dos preços praticados pela Petrobras na comparação com os Preços de Paridade de Importação, ou seja, quanto custa para comprar o combustível no mercado internacional.
Diesel
O gráfico começa em agosto de 2022 e é possível observar um “sobe e desce” próximo à linha da paridade, exceto em outubro e novembro — mês das eleições presidenciais.
Neste período, houve uma distorção do mercado e os combustíveis ficaram abaixo da paridade de maneira mais evidente.
Porém, o gráfico mostra uma oscilação estável após esse evento, apontando uma tentativa de ancoragem dos preços do mercado internacional.
A partir de maio de 2023, o gráfico passa a ficar sistematicamente abaixo da linha de paridade.
O último dado mostra que o diesel vendido pela Petrobras está R$ 1,29 abaixo desta paridade, ou 30% menor.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no mês de maio, 27,5% do diesel vendido nos postos brasileiros tinha origem importada.
Gasolina
O gráfico é basicamente o mesmo. Vale ressaltar que nos meses de abril e maio o preço apresentou uma alta, mas após estes meses, com o fim da Política de Paridade Internacional.
Isso deixou o preço da gasolina da Petrobras está com uma diferença de R$ 0,86 abaixo da paridade, representando um valor 26% inferior ao praticado fora do Brasil.
A gasolina também tem importação no Brasil. Em maio deste ano, 18,9% do produto vendido nos postos do país teve origem importada.
CNN