Eduardo Leite defende bloco Sul-Sudeste lançado por Zema, e governadores do Nordeste falam em ‘estímulo à cisão’

 


O anúncio pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em entrevista ao Estadão, de uma frente para “protagonismo” das regiões Sul e Sudeste colocou de lados opostos os gestores estaduais do Norte e Nordeste e os colegas das outras regiões. O nome do governador mineiro foi o tema de política mais comentado do País no Twitter.

“Está sendo criando um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade? Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, emendou o governador. “Já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político”, concluiu.

Já o governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevêdo (PSB), afirmou que Zema cometeu equívocos e foi “infeliz” nas declarações. Para Azevêdo, o governador mineiro estimula uma divisão entre as regiões no País e não deve ter o apoio dos demais gestores estaduais na mobilização.

“É um grande equívoco quando se estimula uma divisão no País, que já foi dividido pelo processo eleitoral. Estamos em um processo de reconstrução e aí vem alguém e faz uma declaração dessa”, afirmou ao Estadão.

De acordo com o governador da Paraíba, Zema errou ao dizer que Sul e Sudeste ficaram para trás nas discussões econômicas e políticas do País porque, durante o processo de formação e desenvolvimento do Brasil, foram as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste que ficaram prejudicadas.

“Fica difícil de entender se é desconhecimento ou realmente uma intenção clara de criar uma cisão entre regiões, o que não é de interesse de ninguém”, disse o presidente do Consórcio Nordeste. “Eu nunca ouvi isso dos outros governadores do Sul e do Sudeste. É um grande equívoco e foi uma infelicidade muito grande do companheiro Zema.”

Aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do Consórcio Nordeste vinculou as declarações de Zema às eleições do ano passado, ao dizer que a fala é um “resquício” da derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Ele apoiou um candidato que foi derrotado e talvez não tenha entendido que o processo passou e que estamos em um novo momento neste país.”

Neste domingo, 6, o Consórcio Nordeste publicou uma nota assinada pelo governador da Paraíba para rebater Zema. “Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, (Zema) indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, diz o documento.

Terra

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