O narcotráfico tem impulsionado os crimes ambientais na Amazônia Legal, com a ocupação irregular de terras, extração de madeira e garimpo ilegal. A situação tem relação direta com o avanço de facções pelo Norte do País, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro. O domínio das rotas para escoar drogas permite aos grupos criminosos investir também na exploração de recursos naturais e na cobrança de taxas.
A conclusão é do Relatório Mundial sobre Drogas 2023, publicado esta semana pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês). É a primeira vez que o material inclui um capítulo para tratar especificamente da criminalidade na Amazônia.
Segundo o relatório da ONU, plantações de coca em países como Bolívia e Peru são vistas como de “impacto mínimo” em relação ao desmate. O problema está na “economia da droga”, que envolve a mineração irregular, a principal origem do mercúrio que polui os rios, além da grilagem de terra e abertura de estradas clandestinas, que contribuem para a derrubada de árvores.
O Comando Vermelho, segundo o documento, vem estendendo há alguns anos suas operações de garimpo para a região de Madre de Deus, no Peru. O CV, embora tenha perdido força na fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia, é visto como a facção brasileira de maior poder no Norte do Brasil.