Em meio a escalada na crise interna no PDT/Ceará, que coloca em evidência o impasse no comando da legenda no Estado, o senador Cid Gomes promove nesta terça-feira, 14, encontro com prefeitos e aliados para discutir os rumos do partido. A reunião ocorre a partir das 15 horas, no hotel Gran Marquise, em Fortaleza.
O encontro acontece quatro dias após o pedetista obter na Justiça uma liminar que suspendeu a intervenção da Executiva nacional, que havia estabelecido uma comissão provisória com 13 membros para comandar o Diretório cearense. A decisão do juiz Cid Peixoto do Amaral Neto, titular da 3ª Vara da Justiça do Ceará, devolveu a presidência ao senador.
Na reunião do dia 8 de novembro, em que foram aprovadas cartas anuências para 23 filiados, Cid já havia adiantado que pretende ouvir aliados para tomar uma decisão coletiva sobre os rumos da legenda no Estado. A ala cidista alega “perseguição coletiva” da Executiva nacional.
“Uma sequência de fatos, que caracterizam, de fato, um mandonismo no partido, coisa que eu achava que o PDT, enquanto um partido forjado na luta contra a ditadura seria incapaz de fazer”, afirmou o senador sobre o assunto. O parlamentar ainda destacou que nunca teve “vontade de sair do PDT”, mas está “sendo empurrado para fora”.
Paralelo ao encontro entre aliados do senador, deve ser iniciado ainda essa semana um processo da Executiva nacional sobre a expulsão de Cid do partido. A avaliação do deputado André Figueiredo, presidente nacional em exercício da legenda, é que os recentes acontecimentos, com destaque para as cartas de anuência que foram declaradas nulas pela sigla, são insustentáveis.
O parlamentar chegou, inclusive, a manifestar a intenção de acionar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre decisões de magistrados do Ceará favoráveis ao grupo cidista na sigla, classificando-as como “absurdas”. Apesar disso, até a manhã desta terça-feira, 13, o partido não havia movido nenhuma ação em relação ao caso. As falas de Figueiredo, no entanto, geraram reação da Associação Cearense de Magistrados (ACM), que lançou uma nota “repudiando” as declarações do pedetista.
“A ACM entende que a política partidária é de fundamental importância para a Democracia, porém, considera inadmissível o uso (ou a ameaça de utilização) de órgãos correcionais como forma de intimidar magistradas e magistrados cearenses, pois, em última instância, declarações desse jaez denotam pouco apreço pelas instituições democráticas”, diz trecho do comunicado.
“O processo judicial é ferramenta democrática e, como tal, admite meios próprios para impugnação de decisões por aqueles que se considerem prejudicados. A ACM acompanhará o desenrolar dos fatos e, sendo necessário, tomará as medidas que entender adequadas à defesa das prerrogativas da magistratura”, concluiu a nota.
Solidariedade
Durante a abertura da Expoece 2023, o governador Elmano de Freitas (PT) prestou solidariedade a Cid Gomes e reforçou seu apoio à liderança do senador, com a possibilidade de ser alvo de processo de expulsão do PDT. O apoio do PDT do Ceará à gestão petista é um dos motivos que gera embate na legenda. Enquanto a ala cidista quer recomposição com o PT, apoiadores do ex-presidenciável Ciro Gomes e André Figueiredo defendem postura de oposição ao Governo do Estado.
O Otimista