Ao comentar os mais recentes acontecimentos no diretório do PDT/Ceará, que culminaram com a intervenção da Executiva nacional do partido no Estado, o ex-presidenciável Ciro Gomes disse nesta sexta-feira, 10, que o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), “quer instalar uma ditadura no Ceará”. Para o pedetista, a instância nacional da legenda não poderia ver os últimos desdobramentos, como as cartas de anuência que foram aprovadas para 23 filiados na quarta-feira, 8, sem tomar nenhuma atitude.
“Vamos fazer o quê? A direção nacional vai deixar essa baderna aqui para servir aos propósitos de quem? do Camilo Santana, que quer instalar uma ditadura no Ceará? Veja, ele é do PT, está tentando destruir as tradições internas do PT, problema deles, mas é o que se trata. Veja a confusão deles lá, querendo tirar o Evandro Leitão do PDT para ser o candidato a prefeito do PT, no dia seguinte. Tem alguma tradição no PT que aceita isso?”, questionou o político.
Ciro disse que não “formalizou” pedido para que o PDT nacional fizesse intervenção no diretório estadual da legenda, mas que fosse tomada uma providência diante dos últimos episódios que agravaram a crise no Ceará. “Nós pedimos uma providência, todos nós pedimos, a minha fala foi publicada. Não pedimos intervenção contra fulano ou contra beltrano”, ressaltou.
O ex-presidenciável participou do seminário dos 40 anos da campanha Diretas Já, na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor). O político esteve ao lado de aliados como o chefe do Executivo municipal, José Sarto, do ex-prefeito de Fortaleza e presidente do diretório do PDT na Capital, Roberto Cláudio, do ex-senador Flávio Torres e do deputado federal André Figueiredo, que preside interinamente a Executiva nacional da legenda.
De acordo com Figueiredo, o partido vai requerer na Justiça, por infidelidade partidária, o mandato de todos os parlamentares cearenses que tentarem usar as cartas de anuência concedidas sob o comando do senador Cid Gomes, que foi destituído da presidência do PDT do Estado. O benefício foi aprovado no diretório para deputados estaduais e federais – titulares e suplentes – além de vereadores da Capital.
“As cartas de anuência, eu já declarei reiteradas vezes, que são nulas, desde a do presidente Evandro Leitão”, reforçou Figueiredo. “Foi dada uma carta de anuência para um poste na frente da sede do partido”, disse Ciro Gomes, em tom de humor, complementando a fala de André.
“Qualquer parlamentar que tenha posse de um mandato dado pelo partido e pelo povo cearense, ele tem responsabilidade com o PDT, então nós requeremos o mandato dele já de imediato, caso ele judicialize por infidelidade partidária”, reforçou o presidente nacional da legenda.
“Respeito”
O deputado federal ainda respondeu as declarações do senador Cid Gomes que, após participar da 26ª Conferência da União Nacional de Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), no Centro de Eventos do Ceará, na quinta-feira, 9, afirmou não ser mais possível estabelecer diálogo com Figueiredo e com o presidente licenciado, Carlos Lupi, ministro da Previdência Social do governo do presidente Lula (PT).
“Se o Lupi me ligar agora, eu não atendo, porque eu não o respeito mais. Se o André me ligar, eu não atendo, porque não o respeito mais. Eles não são democratas, eles não têm a menor noção do que é democracia”, ressaltou o senador na ocasião.
“Estou acostumado com isso, no meio da eleição do Robertinho (Roberto Cláudio) tentei ligar várias vezes e o senador não atendia ninguém. Mas eu quero apenas dizer o seguinte, como disse o presidente Flávio Torres, eu atendo telefone de todo mundo”, enfatizou o deputado federal.
“Eu só tenho a lamentar essa postura do senador, porque se ele não nos respeita e diz que nós não somos democratas. Olha só, nós estamos em uma postura sempre de defesa intransigente da democracia. A história da gente fala mais que nossas palavras. Então, eu digo, se ele não nos respeita, a recíproca não é verdadeira, eu continuo respeitando ele”, acrescentou André.