O Governo do Estado e o governador Elmano de Freitas não se pronunciaram sobre as críticas de que foram alvo, durante a convenção estadual do PSDB, realizada na segunda-feira, 30, no Marina Park Hotel. O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), o vice-prefeito e presidente estadual do PSDB, Élcio Batista, e o histórico líder tucano Tasso Jereissati bateram forte na gestão estadual, em especial no que toca a segurança pública. Nada que o governo não esteja acostumado a ouvir da oposição e responder, pela boca de aliados, em espaços como o plenário da Assembleia Legislativa do Estado.
A fala do ex-governador Ciro Gomes (PDT), no entanto, teve outro tom. Conhecido por não medir palavras em críticas contra adversários, Ciro fez uma acusação grave: “no Estado do Ceará não se faz uma obra sem pagamento de propina”. A oposição fustiga o Estado pelo silêncio. O deputado Sargento Reginauro (UB) quer que o pedetista seja convidado a falar sobre a denúncia na Alece, com apoiadores no PL e na ala oposicionista do PDT.
O silêncio do Estado pode ser quebrado nos próximos dias. Há tratativas no Governo do Estado no sentido de interpelar judicialmente Ciro Gomes pelas acusações feitas na segunda-feira. Lideranças petistas, próximas ao governador, defendem que seja tomada uma medida judicial por parte da Procuradoria Geral do Estado (PGE). A PGE não se pronunciou ainda sobre o caso.
RECORRÊNCIA
Se levar Ciro à Justiça por ataques públicos, Elmano passará a integrar um time diverso de políticos, de múltiplos partidos. O pedetista já foi condenado por danos morais e se viu às voltas com dezenas ações, movidas por adversários históricos ou rivais de ocasião. Derrotas na justiça já resultaram em penhora e leilão de imóveis, e bloqueio de valores em contas bancárias.
No começo de outubro, a 20ª Vara Civil do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou o bloqueio das contas bancárias da esposa de Ciro, Giselle Bezerra, para que fosse cumprida uma condenação do pedetista de um processo por danos morais, movido por José Serra (PSDB). O caso é antigo: na disputa presidencial de 2002, Ciro chamou Serra de “candidato dos grandes negócios e das negociatas, da manipulação despudorada do espaço público, do dinheiro público para fins eleitorais”.
Condenado e sem possibilidade de recorrer da decisão, Ciro deve agora uma indenização de R$ 447 mil. Em sua decisão, a juíza Elaine Faria Evaristo alega que Ciro transferiu parte do valor da venda de um imóvel para a esposa, como uma forma de esconder seu patrimônio.
Em maio, a 1ª Vara do Juizado Especial Cível do TJSP já havia determinado a penhora de R$ 101,2 mil nas contas da produtora da esposa de Ciro Gomes (PDT). Na ocasião, a medida visava garantir o pagamento de uma indenização ao vereador paulistano Fernando Holiday (Republicanos), que levou o pedetista à Justiça por ter sido chamado de “capitãozinho do mato”, em 2018.