O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para a próxima segunda-feira (27) o julgamento sobre a validade do atual regime de pagamento de precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), títulos de dívidas do Governo Federal reconhecidas definitivamente pela Justiça. O tema é de interesse do Ceará, que pode receber R$ 898 milhões com repasse da União. Com relatoria do ministro Luiz Fux, o julgamento ocorrerá no plenário virtual da Corte, modalidade na qual os ministros inserem os votos no sistema eletrônico e não há deliberação presencial. Entretanto, qualquer ministro pode pedir destaque do processo e levar o caso para julgamento do plenário físico.
No último dia 10 de outubro, o Governo do Ceará e a Advocacia-Geral da União (AGU) assinaram um acordo sobre o valor a ser recebido pelo Executivo estadual. Dos quase R$ 900 milhões a serem recebidos pelo Estado, 60%, cerca de R$ 538 milhões, serão repassados aos professores da rede pública, em 2025. O restante será destinado para o desenvolvimento de escolas de tempo integral. À época, Elmano de Freitas (PT) comemorou o acordo.
No Ceará, foram pagas duas parcelas dos precatórios neste ano. A primeira parcela, que começou em fevereiro, teve um repasse de R$ 745 milhões para os profissionais da educação. Já a segunda parcela, paga em julho, contou com um repasse de R$ 583 milhões, destinados para um total de 50.248 beneficiários. Cada professor recebe um valor calculado com base no valor total repassado. A quantia é proporcional ao salário recebido pelos profissionais no período de agosto de 1998 a dezembro de 2006.
REGIME ATUAL
O regime atual de pagamento, aprovado durante o Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), permitiu o parcelamento do pagamento de precatórios acima de 60 salários mínimos. A constitucionalidade do regime é contestada no Supremo, em ações protocoladas em 2021 pelo PDT e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo a AGU, o regime prevê aumento crescente da despesa e pode gerar um estoque “impagável”. Ainda conforme o órgão, o total da dívida pode chegar a R$ 250 bilhões até 2027. Na avaliação da AGU, o débito não entra nas estatísticas anuais e são postergadas para o exercício de 2027, quando deverão ser quitadas.