O ex-presidente Donald Trump disse no sábado (10) que encorajaria a Rússia a fazer “o que quer que diabos eles queiram” a qualquer país membro da OTAN que não cumpra as diretrizes de gastos com defesa, em uma admissão impressionante de que não cumpriria a cláusula de defesa coletiva no cerne da aliança se for reeleito.
“‘A OTAN estava quebrada até eu aparecer,’ disse Trump em um comício em Conway, Carolina do Sul. ‘Eu disse, ‘todo mundo vai pagar.’ Eles perguntaram, ‘bem, se não pagarmos, você ainda vai nos proteger?’ Eu disse, ‘absolutamente não.’ Eles não podiam acreditar na resposta.”
Trump disse que “um dos presidentes de um país grande” em certo momento lhe perguntou se os EUA ainda defenderiam o país se fosse invadido pela Rússia mesmo se “não pagassem”.
“Não, eu não protegeria você”, Trump lembrou ter dito a esse presidente. “Na verdade, eu os encorajaria a fazerem o que diabos quiserem. Vocês têm que pagar. Têm que pagar suas contas.”
‘Terrível e desequilibrado’, diz Casa Branca
Também no sábado (10), a Casa Branca chamou os comentários de Trump de terríveis e desequilibrados e elogiou os esforços do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para fortalecer a aliança militar.
“O presidente Biden restaurou as nossas alianças e nos tornou mais fortes no mundo porque sabe que a primeira responsabilidade de todo comandante supremo é manter o povo americano seguro e fiel aos valores que nos unem”, disse o porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, num comunicado.
“Incentivar invasões aos nossos aliados mais próximos por regimes assassinos é terrível e desequilibrado – e põe em perigo a segurança nacional americana, a estabilidade global e a nossa economia interna”, acrescentou.
No cerne da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está a promessa de defesa coletiva – de que um ataque a um país-membro é um ataque a todas as nações da aliança. Trump há muito que se queixa do montante que outros países da Otan gastam em defesa em comparação aos Estados Unidos e ameaçou repetidamente retirar os EUA da Otan. Mas os seus comentários de sábado são a indicação mais direta de que não pretende defender os aliados da Otan do ataque russo se for reeleito.
CNN Brasil