A partir do dia 29 deste mês, a venda de álcool líquido com teor igual ou acima de 54% voltará a ser proibida em farmácias e supermercados (mercantis, como se diz no Ceará). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a comercialização estava proibida desde 2002, devido aos milhares de acidentes ocorridos por ano com o uso do produto. “A partir daí, a disponibilidade será apenas em outras formas físicas, como gel, lenço impregnado, aerossol”, explica a Anvisa.
A medida foi suspensa em 2020, por conta da pandemia de covid-19, quando o álcool 70% foi recomendado para a higienização pessoal e de objetos para evitar a disseminação do vírus.
CHURRASQUEIRAS E FOGUEIRAS
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), são registradas cerca de 150 mil internações por ano, em decorrência de queimaduras. Com base em levantamentos e consultas com participação da sociedade, a Anvisa explica que a situação mais perigosa envolvendo queimaduras está relacionada ao uso do álcool no momento em que as pessoas acendem churrasqueiras e fogueiras.
“No gerenciamento de risco são considerados vários fatores para se avaliar o potencial perigo de um produto para o ser humano. No caso do álcool, um desses fatores é a facilidade de espalhamento do produto antes e durante a combustão quando em estado líquido, o que é inversamente proporcional quando com viscosidade. Assim, quando há acidente com o álcool na forma líquida, a extensão e o dano à pele são grandes”, informou a Anvisa por meio de nota.
SUPERMERCADOS QUEREM VENDER
A retirada de álcool líquido das prateleiras de supermercados foi criticada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). A entidade reivindica junto à Anvisa que a medida seja revista. “O consumidor já se acostumou a comprar [o produto] não só em farmácias, mas em supermercados de todo o Brasil”, argumenta Marcio Milan, vice-presidente da entidade.
Segundo a Abras, a proibição da comercialização retirará do consumidor o acesso ao produto de melhor relação custo-benefício. A nota da entidade reforça que o álcool 70% é comprovadamente eficaz nos cuidados com a saúde, na higienização de ambientes e na proteção contra doenças, incluindo a covid-19.
“Os consumidores se adaptaram e adotaram a prática comum de compra do álcool líquido 70% para higienização de ambientes em casa e no trabalho, pois o setor supermercadista fez uma campanha bem-sucedida de orientação e esclarecimentos que proporcionaram um comportamento sensato e seguro desses sanitizantes, sem o registro de contingência ou acidentes desde a liberação da comercialização pela Anvisa em 2022”, reforça Marcio Milan.
A Abras acrescenta que, desde a autorização da Anvisa em 2022, mais de 64 milhões de unidades de álcool líquido 70% foram comercializadas pelos supermercados. “O setor tem observado que o consumidor mantém a preferência pelo álcool 70% na forma líquida por não deixar resíduos em móveis e objetos”, diz a nota da entidade.
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