Mais uma etapa do Projeto Fomento ao Geoturismo, do Serviço Geológico do Brasil (SGB) está sendo realizada, desta vez, no Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará. Pesquisadores do SGB estarão na unidade de conservação cearense até este sábado, 22, para analisar e identificar os riscos geológicos dos atrativos geoturísticos.
A ação resulta de uma parceria do SGB com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela gestão do parque.
Dentre os pontos que serão vistoriados pelo estudo estão as trilhas para a Pedra Furada e para o Morro do Serrote. Outros locais a serem contemplados pelos estudos serão indicados pelo ICMBio durante o trabalho de campo.
O Parque Nacional de Jericoacoara se destacou na lista dos parques brasileiros mais visitados em 2023. Ao todo, foram mais de 1,48 milhão de visitantes.
Conforme explica o pesquisador em Geociências, Gilmar Dias, na avaliação geotécnica, os pesquisadores percorrem o caminho traçado pelos turistas para identificar os perigos geológicos nessas trilhas. Caso seja encontrado algum risco, os especialistas apresentam ações que visem aumentar a segurança do turista e prevenir que acidentes aconteçam no parque.
“A gente observa as estruturas da rocha e sua orientação, a morfologia da encosta e suas características de declividade e altura e a presença de blocos de rocha soltos. Essas características nos ajudam a avaliar as condições do maciço rochoso e dos blocos na encosta”, esclareceu.
Gilmar Dias reitera que, por meio da avaliação, os geólogos identificam as áreas propensas a quedas de blocos, seja por desplacamento, tombamentos ou quedas. Questionado acerca do que já foi identificado nos cinco dias de avaliação em campo, o pesquisador revelou que há risco de queda de blocos em alguns trechos da encosta da trilha do Serrote e da Pedra Furada.
Dessa forma, a próxima etapa será a produção do relatório que já apresentará ações de prevenção de acidentes nos respectivos locais. “Assim que entregarmos o relatório teremos uma reunião para orientar ao ICMBio a respeito dessas medidas de segurança”, complementa o pesquisador.
Além da avaliação, o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o SGB e o ICMBio, assinado ano passado, prevê o levantamento da geodiversidade do local e seleção de pontos com potencial valor científico, educativo e turístico. Essa iniciativa foi realizada entre fevereiro e março deste ano e visa compor um roteiro geoturístico.
No trabalho de campo também foi realizada a captação de imagens para a criação de um tour virtual, que estará disponível na plataforma interativa do SGB, intitulada "Geo 360º BR".
“Além de proporcionar uma jornada envolvente, o projeto visa promover a conscientização ambiental e cultural, oferecendo uma nova forma de turismo que combina exploração e aprendizagem”, pondera a chefe da Divisão de Gestão Territorial, Maria Adelaide Mansini.
O que são os atrativos geoturísticos?
Os atrativos geoturísticos são locais especiais que se destacam, de alguma forma, dos demais pontos turísticos de uma cidade, seja por apresentar uma história geológica interessante, como um vulcão, por exemplo, ou por uma estrutura geológica especial. Além disso, caracteriza-se um atrativo também, estruturas que apresentam uma forma de relevo peculiar.
“Nem toda cachoeira pode ser um atrativo, mas se ela tiver alguma curiosidade geológica ela se torna um atrativo. E é isso que a gente tenta mostrar ao visitante através de placas”, explica Maria Adelaide.
Para que o turista entenda de forma leve e compreensível as informações acerca da geologia formadora de paisagens em Parques Nacionais, foi criado o Programa Fomento ao Geoturismo.
O estudo, que é uma iniciativa do Governo Federal por meio do Ministério de Minas e Energia, é baseado na identificação de pontos em parques nacionais, geoparques e áreas afins, que possuam aspectos da geodiversidade com potencial para serem explorados do ponto de vista turístico. São denominados Pontos de Interesse Geoturísticos.
O trabalho consiste em caracterizar a geologia e a geomorfologia e os demais aspectos interessantes da geodiversidade; em identificar o potencial interpretativo desses temas; e em elaborar materiais de divulgação. A linguagem é acessível a diversos públicos, sendo a informação apresentada sob a forma de passeios virtuais, e-books, panfletos, placas informativas, sinalização, dentre outros.
O Povo